Gol, Latam e Azul vão aumentar preço da passagem aérea neste mês

A Gol, Latam e Azul preparam aumento no valor das passagens aéreas ainda neste mês de março

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Economia Preços 11/03/22 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O conflito na Ucrânia, responsável por disparar a cotação do petróleo em nível mundial, o que acabou elevando o preço dos combustíveis no Brasil, chegou às passagens aéreas.

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A Folha apurou que Gol, Latam e Azul preparam aumento no valor das passagens aéreas ainda neste mês de março. A medida pega as companhias aéreas em um momento delicado, interrompendo o movimento de recuperação do turismo doméstico iniciado no último trimestre do ano passado.

As aéreas foram um dos setores mais impactados pela Covid-19, por causa das restrições sanitárias que impediram ou limitaram os deslocamentos, além da ampliação do home office, que fez desabar a demanda do mercado corporativo –viagens a negócio representavam um terço da receita das aéreas.

"Toda a indústria, não só a Latam, responde a esse tipo de crise com duas medidas: a primeira é um aumento das tarifas e, a segunda, uma redução da oferta. Uma em função da outra", disse à reportagem Jerome Cadier, presidente da Latam Brasil.

Segundo ele, o movimento de aumento das tarifas já vem desde o mês de janeiro, porque o ano começou com o petróleo mais alto, o que se acentuou nas duas últimas semanas por causa da guerra.

"A gente vai ver, sim, tarifas mais altas e isso vai desacelerar a recuperação do setor, que já vinha caminhando depois do impacto muito forte do ano passado, por causa da pandemia", diz Cadier. "A gente agora posterga a recuperação completa da quantidade de voos".

A empresa está ajustando a oferta, principalmente a partir do segundo trimestre. "Quanto às tarifas, ainda não temos de quanto vai ser o aumento, porque vai depender do patamar em que o preço do petróleo vai estacionar".

Por volta das 14h30 desta sexta-feira (11), o barril do petróleo tipo Brent era cotado a US$ 112,11, em alta de 2,78%. Mas no último dia 6 chegou perto de US$ 140 o barril.

Nas palavras de um alto executivo do setor aéreo, ninguém sabe ainda quanto tempo a guerra vai durar e quanto tempo em que o petróleo vai ficar neste patamar, o que faz com que as previsões sejam voláteis.

Ainda há uma demanda de viagens de lazer reprimida, e o valor das tarifas não subiu significativamente até agora. Mas, segundo ele, o aumento no preço da tarifa é "inevitável".

A concorrente Gol está em período de silêncio, porque divulga os resultados do quarto trimestre de 2021 na próxima segunda-feira (14). Mas a Folha apurou que a companhia pretende mexer no preço das tarifas ainda este mês, uma vez que considera "insustentável" operar nos atuais patamares da cotação do petróleo. E acredita que isso deve impactar a demanda.

Procurada, a Azul confirmou que a alta do petróleo deve afetar as tarifas aéreas ainda este mês. Por meio da sua assessoria de imprensa, a empresa argumentou que o impacto do conflito sobre o preço do petróleo também afetou fortemente o QAV (querosene de aviação).

Segundo a Azul, a situação atual é bem pior do que há 14 anos, quando o valor do barril do petróleo já tenha ultrapassado este patamar. "Naquela época o valor do dólar estava muito abaixo dos atuais R$ 5 era cotado abaixo de R$ 2. Essa matemática é bastante impactante para o setor aéreo, em especial para as empresas brasileiras, que têm diversos custos em dólar e um dos combustíveis mais caros do mundo", afirmou, em nota.

Expansão das rotas é adiada Em comunicado, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) ressalta que a cotação perto de US$ 140 é a maior no país desde 2008. "Isso pressiona ainda mais o já elevado preço do QAV [querosene de aviação], que em 2021 alcançou seu maior patamar, acumulando alta de 76,2%, superando as variações do diesel (+56%), gasolina (+42,4%) e gás de cozinha (+36%)", diz a associação, citando dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

"É importante destacar que historicamente o combustível responde por mais de um terço dos custos do setor, que por sua vez têm uma parcela superior a 50% indexada pelo dólar. Diante desse cenário, a Abear informa que o consequente encarecimento do QAV nos curto e médio prazos poderá frear a retomada da operação aérea e inviabilizar rotas com custos mais altos", diz.

De acordo com a Latam Brasil, o lançamento de novos destinos que deveria ocorrer até junho foi postergado para o terceiro trimestre do ano, em função do alto preço do querosene da aviação.

São eles: Bauru (SP) Montes Claros (MG), Cascavel (PR), Caxias do Sul (RS), Juiz de Fora (MG) e Presidente Prudente (SP). O início das operações em Sinop (MT) segue previsto para maio.

Já a Azul afirmou, em nota, que "a continuidade desse cenário poderá adiar uma retomada mais vigorosa da oferta de voos no país, assim como a inclusão de novas cidades e novas rotas e frequências entre aeroportos que já contam com serviço aéreo."

Segundo a Abear, o setor acumula prejuízo de R$ 37,4 bilhões, de 2016 até o terceiro trimestre de 2021, o que impacta o transporte de cargas e toda a cadeia do turismo. "A Abear defende que medidas emergenciais de contenção de preços que possam ser tomadas durante a vigência do conflito incluam o QAV, amenizando dessa forma a crise do setor", afirmou.

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