Não haverá excesso de gastos ou irresponsabilidade fiscal, diz Bolsonaro

Bolsonaro também disse no vídeo que a necessidade de controlar a inflação não deve permitir neste ano um crescimento econômico no mesmo patamar do registrado em 2021, quando o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 4,6%.

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Economia BOLSONARO-ECONOMIA 24/03/22 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - Em vídeo transmitido em um fórum empresarial dos Emirados Árabes Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que seu governo não promoverá neste ano "excesso de gastos" ou "irresponsabilidade fiscal".

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Bolsonaro também disse no vídeo que a necessidade de controlar a inflação não deve permitir neste ano um crescimento econômico no mesmo patamar do registrado em 2021, quando o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 4,6%.

"A necessidade de controlar a inflação nos dificulta alcançar o mesmo resultado este ano", declarou Bolsonaro.

O vídeo gravado foi veiculado no Fórum Global de Negócios da América Latina.

O evento é liderado pelo xeque Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos.

"Sabemos que não há crescimento sustentado sem pleno controle da inflação. Estamos trabalhando com a cautela necessária para garantir a continuidade do crescimento ao longo dos próximos anos", acrescentou Bolsonaro.

O discurso do presidente brasileiro foi divulgado por um site bolsonarista.

"Estejam seguros, não haverá excesso de gastos nem irresponsabilidade fiscal."

As declarações do mandatário ocorrem em meio ao avanço de preços. A última previsão do mercado, medida pelo boletim Focus do Banco Central, é de uma variação no IPCA (Índice de Preços no Consumidor) que deve fechar este ano em 6,59%.

No ano passado, o índice acumulou avanço de 10,06%.

Além do mais, Bolsonaro tem demandado iniciativas em busca de uma agenda popular às vésperas do calendário eleitoral. Entre as prioridades, estão ações que possam representar uma resposta à escalada da inflação.

No domingo (20), o jornal Folha de S.Paulo mostrou que medidas adotadas ou em preparação neste ano pelo governo e Congresso com o objetivo de reduzir impostos em diferentes frentes vão gerar um custo de pelo menos R$ 54,2 bilhões para União, estados e municípios.

Além de estudos sobre um possível novo corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a classe política pressiona a equipe econômica por medidas voltadas aos combustíveis.

Na semana passada, Bolsonaro anunciou ainda um amplo pacote de medidas para liberar mais de R$ 150 bilhões em recursos a trabalhadores e aposentados em ano eleitoral.

AUMENTO NOS PREÇOS DE COMMODITIES MELHORA SITUAÇÃO FISCAL, DIZ PRESIDENTE DO BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta quarta, que vê uma melhora na situação fiscal de curto prazo no Brasil, beneficiada pelo aumento nos preços de commodities no mercado internacional decorrente do conflito na Ucrânia.

"Vemos grande melhora no curto prazo na parte fiscal. O aumento de preços de commodities melhora o fiscal, porque aumenta a arrecadação não só do governo federal como dos governos estaduais", afirmou.

Em evento promovido pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre regras fiscais, Campos Neto também disse que o mundo viverá um período relativamente longo de menos crescimento e mais inflação devido à guerra.

"Esse movimento de redesenho de matrizes globais de valor, que acho mais importante do que a crise energética que está acontecendo, significa para o mundo um período relativamente longo de menos crescimento e mais inflação", disse.

Segundo ele, a polarização mundial decorrente do conflito no Leste Europeu cria redundância nas empresas, gerando mais custo, mais preço e menos eficiência.

Por outro lado, Campos Neto também vê um cenário de oportunidades para o Brasil com a redivisão das cadeias de valor. "O Brasil tem uma oportunidade secular, se estiver no lugar certo com as políticas certas, de entrar nessas cadeias globais de valor".

Para o presidente do BC, alguns choques decorrentes da guerra serão positivos para o país, como no mercado de minerais e alimentos, caso haja fertilizantes disponíveis para a produção. Por outro lado, aponta que o Brasil será atingido por um choque negativo na parte de combustíveis fósseis enquanto importador de derivados de petróleo.

Campos Neto ainda estimou que o pico da inflação no Brasil deverá ocorrer em abril, mantendo a previsão feita em fevereiro durante um evento de política monetária, e voltar a cair depois disso.

Também nesta quarta, ele afirmou que uma das preocupações da autarquia no desenvolvimento da moeda digital brasileira é não afetar a capacidade dos bancos de conceder crédito.

Segundo ele, a discussão sobre um novo modelo monetário passa por temas como interconectividade, monetização de dados, descentralização financeira e capacidade de reutilização de protocolos, o que tornaria a criação de novos produtos mais rápida e barata.

Campos Neto estava em um evento do BIS (Banco de Compensações Internacionais) que marcou o lançamento de um novo estudo, chamado "Bancos centrais, o sistema monetário e as infraestruturas públicas de pagamentos: lições do Pix do Brasil", mostrando que o sucesso do sistema brasileiro de pagamentos instantâneos oferece lições para países emergentes e avançados na criação de moedas digitais pelos bancos centrais.

A pesquisa foi liderada por Angelo Duarte, Jon Frost, Leonardo Gambacorta, Priscilla Koo Wilkens and Hyun Song Shin. Na análise dos autores, o Pix mostrou "como as infraestruturas dos bancos centrais podem apoiar a interoperabilidade e a concorrência, promovendo custos mais baixos e maior inclusão financeira".

De acordo com o documento, tais recursos têm relevância no desenvolvimento das moedas digitais emitidas por bancos centrais, conhecidas pela sigla CBDC (de Central Bank Digital Currency). E, apesar das diferenças, as duas modalidades podem usar identificação digital, criptografia de chave pública e APIs (interfaces de aplicações) para garantir privacidade dos pagamentos.

Na visão dos pesquisadores, dois fatores explicam a rápida adoção do Pix pelos brasileiros. O primeiro é a participação obrigatória das maiores instituições financeiras do país, o que ajudou o sistema a ganhar força no início de sua implementação. Hoje, já são 773 instituições participantes.

O segundo foi o papel do BC como provedor da infraestrutura e responsável pela governança e pela definição de regras de funcionamento

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