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Nos últimos dias, cresceu no PSDB um movimento para convencer Leite a permanecer nas fileiras tucanas. O objetivo é abrir mão da candidatura do governador de São Paulo, João Doria, e lançar Leite ao Palácio do Planalto. Em novembro, Leite perdeu as prévias do partido para Doria.
"Há um desejo manifesto de, realmente, vir a tê-lo (Leite) como candidato nosso, porque o nosso candidato (Doria), ao longo de quatro meses depois das prévias, não cresceu um ponto sequer nas pesquisas, em algumas ele cai abaixo de dois. Por outro lado, ele tem uma rejeição altíssima", disse Aníbal.
Na visão do ex-senador, a rejeição a Doria é "um peso a ser carregado". Em pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 24, o governador de São Paulo aparece com 2% de intenção de voto e 30% de rejeição. Leite marca 1% e 14%, respectivamente.
"O Eduardo tem uma sensibilidade política que vai ajudar muito no caso de ele ser candidato", afirmou Aníbal. O tucano disse acreditar que Leite poderia romper a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lideram as pesquisas de intenção de voto para o Planalto.
Se decidir concorrer a presidente, seja pelo PSD ou pelo PSDB, o governador gaúcho precisa deixar o cargo no Estado até 2 de abril. "Eu acho que ele vai renunciar", apostou Aníbal.
Em entrevista ao Papo com Editor, do Broadcast Político, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), por outro lado, defendeu que discutir a troca de Doria por Leite na disputa pelo Planalto é "ficar sangrando em público" e que é preciso "dar uma chance" ao governador de São Paulo para que ele faça sua campanha eleitoral.
Na semana passada, a cúpula do PSDB divulgou carta pública para pedir que Leite fique no partido. O gaúcho se disse "sensibilizado". Questionado pelo Broadcast Político/Estadão se sua resposta à carta indicava que ele pretendia permanecer no PSDB, o governador respondeu apenas que "continuava o diálogo".
Embora viesse indicando disposição em aceitar o convite de Kassab para concorrer a presidente pelo PSD, Leite disse na semana passada que ainda tinha tempo para tomar a decisão e que era preciso apoio político à sua eventual candidatura. Kassab, por sua vez, afirmou esperar que o gaúcho tivesse "boas inspirações".
Numa reunião com empresários, em 18 de fevereiro, na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), Leite passou a usar em público uma expressão popular para indicar a disposição de concorrer a presidente. Na ocasião, ele disse que um "cavalo encilhado não passa duas vezes".
O cavalo encilhado é uma metáfora para se referir à possibilidade de disputar o Planalto, que passou na frente dele pela primeira vez nas prévias no PSDB, em novembro do ano passado, quando foi derrotado por Doria. O convite de Kassab é a segunda oportunidade, mas a ala tucana contrária ao governador de SP quer dar uma terceira chance ao gaúcho.
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