Milton Ribeiro se diz inocente e afirma que sua vida mudou em dia de áudio

A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial na tarde desta segunda-feira (28).

© Getty

Política MILTON-RIBEIRO 29/03/22 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - O ministro da Educação, Milton Ribeiro, escreveu uma carta com pedido de exoneração do cargo nesta segunda-feira (28). Ribeiro se tornou alvo de grande pressão após a revelação de indícios de um esquema informal de obtenção de verbas envolvendo a intermediação de dois pastores sem cargo público.

PUB

A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial na tarde desta segunda-feira (28).

Logo no início da carta, Milton Ribeiro escreve que "desde o dia 21 de março minha vida sofreu uma grande transformação". Foi neste dia que o jornal Folha de S.Paulo revelou áudio em que o próprio ministro diz priorizar amigos do pastor Gilmar Santos a pedido de Bolsonaro e sugere ainda haver uma contrapartidada supostamente direcionada à construção de igrejas.

Prefeitos apontaram nos últimos dias a existência de uma espécie de balcão de negócios no MEC, operado pelos pastores Gilmar e Arilton Moura, ligados a Bolsonaro. "Meu afastamento visa, mais do que tudo, deixar claro que quero uma investigação completa e isenta", diz o texto.

"Agradeço e despeço-me de todos que me apoiaram nesta empreitada, deixando o compromisso de estar pronto, caso o Presidente entenda necessário, para apoiá-lo em sua vitoriosa caminhada", diz a carta divulgada pelo ministro.

Em uma primeira versão da missiva, compartilhada por membros do governo e parlamentares, Ribeiro afirmava que voltaria ao governo depois de demonstrar sua inocência. Isso foi retirado na versão final.

Pela manhã, Ribeiro passou horas em reunião fechada com o secretário-executivo da pasta, Victor Godoy Veiga, cotado para assumir seu lugar.

Milton Ribeiro reafirma na carta que ele próprio levou ao conhecimento da CGU (Controladoria-Geral da União), em agosto passado, denúncia sobre a atuação dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos.

O agora ex-ministro escreve ainda na carta que a competência para liberações é do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), que é ligado ao MEC e controlado pelo centrão.

"Cumpre ressaltar que os procedimentos operacionais relacionados à liberação de recursos pelo FNDE não são de competência direta do Ministro da Educação", diz o texto.

A situação do ministro se agravou na segunda-feira da semana passada, após a revelação pela Folha de S.Paulo de áudio em que Milton Ribeiro afirma que o governo prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos pastores Gilmar e Arilton.

Na gravação, o ministro diz ainda que isso atende a uma solicitação de Bolsonaro e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas. A influência dos pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S. Paulo.

"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", diz o ministro na conversa obtida pela Folha de S.Paulo em que participaram prefeitos e os dois religiosos.

Em seguida, o prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense de Luis Domingues, afirmou que um dos pastores que negociam transferências de recursos federais para prefeituras pediu 1 kg de ouro para conseguir liberar verbas de obras de educação para a cidade.

A declaração do prefeito foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo, e a Folha de S.Paulo confirmou com outras duas pessoas presentes no local onde o pedido de propina foi feito.

Já na sexta-feira, em entrevista à Folha de S.Paulo, o prefeito de Piracicaba (SP), Luciano Almeida (União Brasil), disse que recebeu um pedido de dinheiro para que o município abrigasse um evento com a presença do ministro Milton Ribeiro em agosto de 2021.

O gestor municipal afirma que se recusou a fazer o pagamento e que o encontro acabou não se concretizando. A Folha de S.Paulo ouviu de dois servidores do alto escalão do MEC que os pastores com supostos privilégios dentro da pasta estariam à frente dessa negociação.

Os pastores Gilmar e Arilton têm, ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia.

Os dois pastores têm proximidade com Bolsonaro desde o primeiro ano do governo. A atuação dos pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S. Paulo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Cazaquistão Há 9 Horas

Avião com 72 pessoas a bordo cai no Cazaquistão; há sobreviventes

fama Festas Há 9 Horas

Cachorro de Anitta some na noite de Natal: 'ainda vai me matar do coração'

fama Música Há 10 Horas

Hit natalino de Mariah Carey entra na 17ª semana em primeiro na Billboard

esporte Prisão Há 10 Horas

Por que Robinho não teve direito à 'saidinha' e vai passar Natal preso

fama Natal Há 23 Horas

Veja as receitas que os famosos preparam no Natal

politica STF Há 9 Horas

Moraes diz que Daniel Silveira mentiu ao usar hospital como álibi e mantém prisão

economia Consumos Há 9 Horas

Saiba como evitar o aumento da conta de luz durante o verão

justica Investigação Há 8 Horas

Duas pessoas morrem e três estão internadas após comerem bolo em Torres (RS)

fama Televisão Há 8 Horas

SBT desiste de contratar Pablo Marçal e terá Cariúcha em novo Casos de Família

fama Escândalo Há 22 Horas

Acusações de Blake Lively contra Justin Baldoni são reveladas na íntegra