© Cruzeiro anuncia Brunoro para reforçar departamento de futebol
Ronaldo surgiu como o principal interessado em adquirir o controle da SAF do Cruzeiro após o clube firmar uma parceria com a XP Investimentos para encontrar um potencial investidor. Ex-jogador do time mineiro, a sinergia com a torcida, preocupada com o futuro de uma equipe que há três anos amarga a Série B do Campeonato Brasileiro, foi imediata. No entanto, Ronaldo encontrou graves problemas orçamentários e pediu garantias para firmar o negócio. A principal delas foi a transferência das Tocas 1 e 2 - Centros de Treinamento do Cruzeiro - para a SAF.
A possibilidade de perder o controle sobre os CTs é ponto de divergência entre os conselheiros. Com o Cruzeiro vivendo a pior crise institucional de sua história e com uma dívida que chega a quase R$ 1 bilhão, os terrenos são tidos pela diretoria como dois dos principais patrimônios do clube. Ronaldo já afirmou publicamente que não pretende utilizar o espaço para a construção de empreendimentos e que os elencos profissionais e juniores seguirão treinando no local.
"Não é do nosso interesse usar qualquer uma das Tocas como investimento imobiliário. Eu me comprometo que não vou vender e, se houver possibilidade de venda, a gente participaria (sic) a Associação nesse negócio. Mas essa não é a intenção. Usamos as Tocas para o futebol e a parte administrativa", disse Ronaldo.
A inclusão das Tocas na venda da SAF para Ronaldo obriga automaticamente o ex-jogador a lidar com as dívidas tributárias do clube, ponto não citado na primeira versão do documento final do negócio. A ideia de Ronaldo é evitar que o Cruzeiro, enquanto associação, perca os CTs caso não consiga honrar o compromisso com quem tem a receber do clube.
"Se a gente não tem o nosso CT, onde vamos colocar os nossos jogadores para treinar? Esse processo demoraria muito mais", disse Ronaldo. "Assim, a gente se responsabiliza pela dívida tributária, honra o pagamento e garante o nosso local de trabalho, que vai estar com a SAF", concluiu. Ronaldo assumiria ainda uma dívida de impostos de R$ 200 milhões.
Ronaldo ainda propõe que o pagamento de dívidas cíveis e trabalhistas com credores deva ser feito através de um recuperação judicial ou extrajudicial. Neste caso, a associação faria a proposta de pagamento e a SAF cederia parte de suas receitas para quitar essas dívidas. A título de comparação, o Botafogo, outro clube a concretizar a venda de sua SAF, optou pelo Regime Centralizado de Execuções (REC), mecanismo no qual o clube destina 20% de sua receita para o pagamento de dívidas em um prazo de até dez anos.
Ronaldo assinou o contrato de intenção de compra da SAF do Cruzeiro em dezembro de 2021, com a promessa de investir até R$ 400 milhões. Desde então, a equipe do empresário se debruça sobre os documentos para entender o verdadeiro buraco financeiro no qual o clube celeste está metido. Esta não é a primeira vez que o pentacampeão se aventura em negócios do esporte, sendo também acionista majoritário do Valladolid, da Espanha.
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