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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma operação militar de Israel em um campo de refugiados em Jenin, no norte da Cisjordânia, deixou ao menos um militante palestino morto neste sábado (9).
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O Exército israelense disse ter respondido a tiros disparados por um grupo de palestinos durante uma operação antiterrorismo no local. Ainda de acordo com as autoridades israelenses, nenhum soldado ficou ferido no embate. Não se sabe se os militares prenderam suspeitos na ação.
A facção radical Jihad Islâmica afirmou que o homem morto era um de seus militantes, e o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina registrou que 13 pessoas ficaram feridas. Segundo residentes, soldados israelenses cercaram a casa da família de Raed Hazem, 28, que abriu fogo e deixou três mortos e mais de dez feridos em um bar em Tel Aviv na última quinta-feira (7). O agressor foi morto horas após o ataque em uma troca de tiros com forças de segurança de Israel.
Durante as buscas pelo agressor, as autoridades israelenses suspenderam o transporte público na região central de Tel Aviv e orientaram os residentes a ficarem em casa.
O premiê israelense, Naftali Bennet, afirmou na sexta-feira (8) que o autor do ataque em Tel Aviv tinha cúmplices e que eles pagariam um "preço muito caro" e que concederia "liberdade total de ação" às forças de segurança para conter ataques terroristas. "Todo assassino deve saber que nós vamos pegá-los, e qualquer pessoa que ajude terroristas deve saber que pagarão um preço insuportável."
Bennett enfrenta sua maior crise desde que chegou ao poder, em junho do ano passado. Na última quarta-feira (6), a coalizão de oito partidos que ele lidera perdeu a maioria estreita que mantinha no Knesset, o Parlamento israelense, após a deputada ultradireitista Idit Silman romper com o governo.
O ataque em Tel Aviv foi celebrado pelas facções radicais palestinas Hamas e Jihad Islâmica, mas foi condenado pelo partido secular Fatah e pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Jenin é considerada um bastião de grupos armados palestinos e foi palco de várias operações militares recentes de Israel. Mais de 20 palestinos, muitos dos quais militantes, foram mortos pelas forças israelenses desde janeiro. O ataque de quinta-feira em Tel Aviv foi o último de uma série de atentados terroristas em Israel nas últimas semanas, que já deixaram 14 israelenses mortos.
Palestinos também têm relatado um aumento da violência por parte de colonos e soldados na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados por Israel desde 1967. O aumento da tensão ocorre durante o Ramadã, mês sagrado do islã, e às vésperas do Pesach, a Páscoa judaica, bem como da Páscoa cristã.
Durante o Ramadã do ano passado, foram registrados confrontos entre palestinos e agentes de segurança israelenses na mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental. A crise escalou para um conflito entre Israel e o Hamas que terminou com 232 palestinos mortos na Faixa de Gaza e 13 israelenses mortos por foguetes disparados do enclave palestino.
Especialistas apontam que, além das celebrações carregadas de tradição, outro fator que pode ser pano de fundo dos ataques é a indisposição de grupos extremistas com o fortalecimento das relações institucionais entre Israel e países árabes. No fim de março, Israel sediou uma cúpula inédita com chanceleres de quatro países árabes (Egito, Marrocos, Bahrein e Emirados Árabes Unidos) e dos EUA.
Alvo da operação deste sábado, Jenin foi palco de uma grande incursão militar israelense há 20 anos, durante o levante palestino conhecido como Segunda Intifada. Ao menos 53 palestinos, a maioria dos quais civis, e 23 soldados israelenses morreram em dez dias de confrontos na cidade.