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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O grupo de tucanos que apoia o nome de Eduardo Leite, ex-governador do RS, como pré-candidato presidencial do PSDB já definiu o principal argumento que utilizará para rebater a acusação de João Doria (PSDB) de que é alvo de tentativa de golpe no interior do partido.
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Doria venceu as prévias presidenciais do PSDB no ano passado, mas uma ala do partido composta por nomes como Aécio Neves, José Aníbal, Tasso Jereissati, Paulo Serra (prefeito de Santo André), entre outros, defende a candidatura de Leite, que, segundo eles, teria mais condições de disputa nas eleições e representa melhor os valores da legenda.
Para esse grupo, o partido mudou muito durante a janela partidária, tomando outra feição em relação à sua composição na época das prévias. Onze deputados federais deixaram o PSDB, por exemplo, sendo que, segundo cálculo desse grupo, a maior parte deles votou em Doria.
A conta também valeria para outros políticos, como prefeitos e deputados estaduais, que deixaram o PSDB depois de terem votado nas prévias. Nas contas do grupo que defende o ex-governador gaúcho, o resultado das prévias teria sido diferente sem a participação dos parlamentares que depois sairiam da sigla.
Para eles, portanto, a escolha de Doria foi feita por um PSDB que já não existe mais. Nesse sentido, o grupo apoia a escolha de uma candidatura única para a terceira via, definida a partir de consenso entre PSDB, MDB, União Brasil e Cidadania.
Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse que o pacto com a terceira via é maior do que a prévia que escolheu Doria.
"Não cabe aqui questionar o resultado daquela prévia, ele existiu. Mas sustentar que é a decisão suprema na escolha do candidato também não pode ser colocado como verdade absoluta", diz Orlando Faria, presidente da comissão de ética do PSDB-SP e um dos representantes do grupo de apoiadores de Leite.
"Com tanta mudança de deputados, a vontade política daquele momento não reflete o atual. Por isso, o momento de escolha do candidato deve ser o mais próximo da convenção partidária, período inclusive que o partido tem condição de avaliar o cenário real, coligações e seus adversários de fato", completa.
Segundo Faria, "um candidato viável não precisa invocar o resultado de prévias para se legitimar. Para um candidato inviável, não adianta invocar o resultado das prévias."
Em entrevista à rádio Bandeirantes, Aécio Neves argumentou no mesmo sentido.
"Um grupo de parlamentares que ajudou a dar a vitória ao Doria já não está no PSDB. Se nós fizéssemos [as prévias] sem esses que saíram, deputados federais e estaduais, o resultado seria oposto, teria vencido o Eduardo", disse o parlamentar tucano.