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De acordo com o diário inglês, a decisão foi tomada após meses de conversas e negociações entre o governo e a organização do mais tradicional torneio de tênis do mundo. O plano inicial era pedir aos tenistas dos dois países que demonstrassem publicamente seu repúdio à guerra na Ucrânia, algo que alguns atletas vinham fazendo.
O russo Andrey Rublev, por exemplo, escreveu a mensagem "Não à guerra, por favor" na lente de uma das câmeras que transmitia o Torneio de Dubai, no início do ano. Daniil Medvedev, que chegou a liderar o ranking por três semanas entre o fim de março e o início de abril, afirmou que "quer paz em todo o mundo". Eles e os demais atletas russos vêm evitando se aprofundar no tema em entrevistas coletivas e declarações nas redes sociais.
Para os britânicos, as declarações não foram suficientes. E havia a ideia de exigir dos tenistas destes países que assinassem declarações se comprometendo a não fazer comentários a favor da guerra ou do presidente Vladimir Putin durante a disputa de Wimbledon.
Mas este plano também ficou para trás e o governo britânico deve decidir, segundo o jornal britânico, pela proibição destes atletas neste ano. A direção de Wimbledon ainda não se manifestou sobre a notícia.
Se confirmada, será a primeira vez desde o início da guerra que um torneio ou evento esportivo bane atletas individuais de competições internacionais. Até então, havia impedimento apenas de grupos ou times, como aconteceu com a equipe russa nos Jogos Paralímpicos de Inverno, em Pequim; nas Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar; e nas competições europeias de clubes de futebol.
No âmbito do tênis, a Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês) baniu as equipes russas e belarussas tanto na Copa Davis quanto na Billie Jean King Cup (antes chamada de Fed Cup). No circuito profissional, a ATP e a WTA permitem a participação dos tenistas de ambos os países, mas competindo com bandeira neutra.
Se a decisão for confirmada pelo governo britânico, Wimbledon não terá em quadra tenistas como Medvedev, atual número dois do mundo, Rublev (8º do mundo), Karen Khachanov (26º) e Aslan Karatsev (30º). Na chave feminina, ficariam impedidas de competir Anastasia Pavlyuchenkova (15ª) e Daria Kasatkina (26ª), por exemplo. Entre as belarussas, perderiam o torneio Aryna Sabalenka, 4ª do mundo, e Victoria Azarenka, ex-número 1 do ranking e dona de dois títulos de Grand Slam.
A proibição dos tenistas da Rússia e Belarus se estenderia para os demais torneios britânicos, que são disputados antes de Wimbledon, como preparatórios para o terceiro Grand Slam do ano. Na prática, os atletas destes países perderiam quase toda a curta temporada de grama do circuito.
REAÇÃO RUSSA
A Rússia reagiu à proibição antes mesmo da divulgação oficial por parte do governo britânico e da direção de Wimbledon. "É inadmissível voltar a transformar atletas em
reféns de intrigas e preconceitos políticos, de ações hostis ao nosso país", afirmou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.
"Levando em consideração que a Rússia é um país muito forte no tênis e que nossos atletas figuram na parte mais alta dos rankings mundiais, a exclusão deles terá um impacto na própria competição", completou Peskov.
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