Karina Yershova era uma jovem ucraniana de 22 anos que, segundo recorda o padrasto, não acreditava que a Rússia pudesse avançar com uma guerra no seu país. Quando os invasores começaram a se aproximar da capital da Ucrânia, Kiev, Andrii Dereko tentou demovê-la a não permanecer em Bucha.
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"Não diga bobagens, vai ficar tudo bem, não vai haver guerra", teria dito a jovem ao padrasto, conta a CNN.
Mas a tragédia aproximava-se. Karina viria a ser uma das mulheres ucranianas encontradas mortas em Bucha.
Em março, a jovem se escondeu em um apartamento juntamente com outros dois amigos. A última vez que Dereko e a mulher falaram com a jovem, ela disse que tinha saído do apartamento para comprar comida num supermercado próximo.
“Todos esperávamos que pelo menos eles não tocassem em mulheres e crianças – mas aconteceu o oposto”, relembra o homem.
Após semanas sem notícias da filha, a mãe chegou mesmo a deixar uma mensagem no Facebook pedindo informações de quem a tivesse visto.
Foi através de imagens compartilhadas num grupo de Telegram, que divulgava imagens das centenas de vítimas mortais de Bucha na tentativa de os identificar, que Karina foi identificada através de uma das suas tatuagens.
A jovem tinha sido torturada e morta pelos soldados russos. Havia ainda suspeitas de que tivesse sido estuprada.
Jovem destacava-se pelo seu "espírito independente"
Com tatuagens e longos cabelos castanhos, Yershova destacava-se na multidão, recorda o padrasto. A jovem ucraniana sofria com artrite reumatoide, mas isso não cessava a sua vontade de viver.
Segundo o padrasto, tinha um "espírito independente feroz" e era trabalhadora.
Yershova trabalhava em um restaurante de sushi em Bucha e esperava obter seu diploma universitário em breve.