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(FOLHAPRESS) - A comissão de frente será o critério de desempate de notas para as escolas de samba que desfilaram no Carnaval de São Paulo em 2022. O sorteio que definiu a regra foi realizado na noite desta segunda-feira (25) na sede da Liga Independente das Escolas de Samba.
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A apuração das notas será realizada nesta terça-feira (26), a partir das 16h.
A ordem de leitura das notas das escolas será harmonia, mestre-sala e porta-bandeira, enredo, evolução, bateria, fantasia, alegoria, samba-enredo e, por fim, comissão de frente. Ao todo, a votação conta com 36 jurados e as notas variam entre 9 e 10 com casas decimais.
Até as 20h30 desta segunda, no entanto, não haviam sido divulgadas as punições do grupo especial do Carnaval de 2022.
Em São Paulo, 14 agremiações disputam o título do Carnaval 2022: Acadêmicos do Tucuruvi, Colorado do Brás, Mancha Verde, Tom Maior, Unidos de Vila Maria, Acadêmicos do Tatuapé, Dragões da Real, Vai-Vai, Gaviões de Fiel, Mocidade Alegre, Águia de Ouro, Barroca Zona Sul, Rosas de Ouro e Império da Casa Verde.
Após dois anos de pandemia, o Sambódromo do Anhembi foi marcado no último fim de semana por desfiles que referenciaram entidades de religiões de matriz africana, como Xangô e Exu, caso da Águia de Ouro, atual campeã do Grupo Especial.
Maior campeã do Carnaval de São Paulo com 15 títulos, a Vai-Vai, que voltou à elite do samba paulistano em 2020. Neste ano, contou com um samba-enredo intitulado "Sankofa", nome de um pássaro sagrado africano, para ilustrar a necessidade de resgatar suas origens.
Outro assunto que também apareceu na avenida foi a política brasileira. Duas escolas tiveram referências políticas. A Rosas de Ouro fez referência a uma frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), em dezembro de 2020, que afirmou que não havia garantias no contrato com a farmacêutica Pfizer sobre efeitos colaterais da vacina contra Covid-19.
À época, ele declarou: "Se tomar e virar um jacaré, é problema seu. Se virar um super-homem, se nascer barba em mulher ou homem falar fino, ela [Pfizer] não tem nada com isso".No último carro da Rosas de Ouro, penúltima escola do grupo especial a desfilar no Carnaval em São Paulo, uma enfermeira aplicou uma injeção no "presidente". Nisso, após um efeito de fumaça, uma porta secreta girou, e um jacaré apareceu. Parte do público aplaudiu e passou a gritar "fora, Bolsonaro".A Gaviões da Fiel também fez referências políticas, porém, de forma mais velada. O cabeleireiro Neandro Ferreira, 55 anos, desfilou usando terno e uma faixa semelhante às usadas por presidentes, mas sem nenhuma menção direta a Bolsonaro. Ao lado dele, a cabeleireira Gisele Porto, de terninho e saia, também usava uma faixa e interpretava uma primeira-dama.A primeira noite, que aconteceu na sexta-feira (22), foi marcada por atrasos e falhas técnicas. O segundo carro da Acadêmicos do Tatuapé, por exemplo, quebrou assim que entrou na avenida, já com o sol raiando.O momento foi marcado por tensão entre os integrantes da escola, que ampliaram o número de pessoas para empurrar a alegoria e para tentar evitar eventuais problemas com os jurados.A Mancha Verde também foi prejudicada por problemas em um de seus carros, o que atrasou em cerca de dez minutos o desfile. No entanto, a escola conseguiu terminar o desfile a tempo.O clima da retomada à vida presencial tomou conta do público durante o feriado de Tiradentes. Neste momento de superação da maior crise sanitária dos últimos tempos, a Liga das Escolas de Samba de São Paulo classificou o Carnaval 2022 como o "Carnaval da vida".O prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também comentou a retomada dos desfiles em entrevista à Folha neste domingo (24). Ele elogiou as escolas de samba e disse que o nome "'Carnaval da Vida' reflete exatamente o que foi uma das festas populares mais importantes da nossa cidade."