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O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, afirmou hoje que o aumento da base monetária por um banco central "não traz necessariamente aumento nos preços ou nas expectativas de inflação".
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As declarações contradizem o discurso feito quando do início do programa de relaxamento quantitativo japonês, feito anos atrás, quando a autoridade monetária anunciou que iria inundar o mercado de dinheiro, acreditando que a inflação viria logo em seguida. Elas podem significar, também, uma mea-culpa para os céticos de tal medida, conhecida pela sigla QE.
O reconhecimento de que não há uma ligação direta entre o aumento da base monetária e as expectativas de inflação resume o que Kuroda aprendeu após três anos de enorme relaxamento quantitativo: "não é uma tarefa fácil" mudar a mentalidade das pessoas, diz o economista-chefe da Dai-ichi Life, Toshihiro Nagahama. O programa do BoJ teve inúmeros efeitos, como o enfraquecimento do iene e a alta das índices acionários, mas seu impacto sobre a inflação é visivelmente menor do que a expectativa da própria instituição, diz Nagahama.
Para ele, o BoJ deveria deixar de lado sua meta de produzir uma inflação de 2%, que considera ser "fisicamente impossível" de atingir. No entanto, o analista acredita ser difícil que Kuroda retroceda em sua própria política, o que significa que a tarefa de recalibrar a política monetária deve recair sobre seu sucessor, que assume em abril de 2018.
As declarações também sublinham uma cisão dentro do próprio banco central japonês, de acordo com uma pessoa próxima ao BoJ. Mais do que Kuroda, a ideia de que o programa poderia sim ter efeitos sobre as expectativas é encampada por um de seus dois vice-diretores, Kikuo Iwata. "A verdade é que existem diferenças significativas entre os pensamentos dos dirigentes", disse a autoridade. Com informações do Estadão Conteúdo.