Lucro dos grandes bancos cresce 13,6% e soma R$ 24,8 bi no 1º trimestre

O resultado foi impulsionado principalmente pelo avanço das carteiras de crédito dos bancos no período

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Economia Balanço 13/05/22 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os quatro grandes bancos do país –Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e BB (Banco do Brasil)– reportaram um lucro líquido conjunto de R$ 24,76 bilhões no primeiro trimestre de 2022, em um cenário de aumento dos juros para domar a inflação, que impacta positivamente o nível de rentabilidade do setor financeiro.

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O número equivale a um crescimento de 13,57% na comparação com igual período do ano passado.

O resultado foi impulsionado principalmente pelo avanço das carteiras de crédito dos bancos no período, em especial de linhas de maior expectativa de risco e de retorno voltadas às pessoas físicas, como cartão de crédito, cheque especial e crédito rotativo, diz João Frota Salles, analista da Senso Investimentos.

No entanto, conforme operações de maior rentabilidade ganharam espaço nas carteiras, aumentaram também os índices de inadimplência, movimento já sinalizado pelos próprios bancos, em um ambiente de juros e de inflação de volta aos dois dígitos que corrói o poder de compra da população, acrescenta Salles.

O crescimento das taxas de atraso, tendência que os próprios bancos foram unânimes em sinalizar que deve prosseguir de forma moderada nos próximos trimestres, é um dos principais pontos no radar de analistas do mercado para o restante do ano, diz Alexandre Masuda, sócio, co-gestor e chefe de análise na gestora SFA Investimentos.

Presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho afirmou em coletiva sobre os resultados do primeiro trimestre que, em um cenário de alta dos juros e da inflação, a tendência é que os índices de inadimplência sigam com altas moderadas durante os próximos trimestres –percepção semelhante foi transmitida pelos presidentes do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, e do BB, Fausto Ribeiro.

O presidente do Itaú disse que a expectativa interna é que os índices de inadimplência retomem gradualmente os níveis observados no pré-pandemia. Em março de 2020, a taxa de atrasos acima de 90 dias do banco era de 3,1%, e de 5,1% considerando apenas a taxa entre as pessoas físicas. Em março de 2022, os índices estavam em 2,6% e 4,1%, respectivamente.

Itaú melhor posicionado entre os privados "Entre os grandes bancos privados, o Itaú apresentou o menor aumento da inadimplência de janeiro a março, e o maior crescimento do lucro líquido na comparação anual, despontando como o mais bem posicionado para enfrentar o ambiente macroeconômico adverso à frente no país", diz Masuda, que tem papéis do Itaú, e, em menor proporção, do BB, no portfólio dos fundos sob gestão.

O Bradesco aparece na sequência no ranking de preferências dos analistas de mercado, tendo reportado números que, em linhas gerais, vieram dentro das expectativas.

Sem maiores surpresas nos resultados referentes ao primeiro trimestre, o maior destaque positivo no caso do banco da Cidade de Deus, em Osasco (SP), ficou por conta da revisão no "guidance" [projeções] para 2022.

"A mudança foi motivada por um avanço acima do esperado nos últimos meses de operações com maior spread embutido, como de cartão de crédito", diz Guilherme Tiglia, sócio e analista da Nord Research.

Já os resultados do Santander Brasil, o primeiro a divulgar os números do primeiro trimestre, foram os que mais acabaram decepcionando o mercado, diz Tiglia, com um crescimento apenas tímido da carteira de crédito e do lucro líquido, mas também com incremento nos patamares de inadimplência acima de 90 dias.

"As tendências operacionais do Santander nos decepcionaram devido à pequena contração dos empréstimos [na comparação com o quarto trimestre], ao aumento no índice de inadimplência e no custo do crédito, juntamente com resultados fracos de receita com serviços", apontam os analistas do banco de investimento UBS BB, em relatório.

Números do BB agradam os analistas No caso do BB, os números apresentados pelo banco público nesta quarta-feira (11) –com lucro recorde de R$ 6,6 bilhões no primeiro trimestre, alta de 35% em bases anuais, e uma inadimplência abaixo dos níveis verificados entre os pares privados- foram bem recebidos pelos analistas de mercado.

"O resultado do Banco do Brasil mostra o manejo refinado de seus ativos, o bom controle na escolha de seus devedores e a resiliência de sua carteira de crédito. A empresa nadou contra a maré da deterioração do ambiente macro, com piora do cenário de crédito no país e conseguiu ter controle da sua inadimplência sem deixar de lado o crescimento do lucro e da carteira de crédito", dizem os analistas da Guide Investimentos.

Eles afirmam ainda que o banco foi capaz de entregar uma melhora acima das expectativas otimistas dos analistas de mercado e que esperam por uma reação positiva dos investidores quanto aos resultados –as ações do BB operavam em alta de 2,1% nesta quinta na Bolsa de Valores, enquanto o Ibovespa subia 0,4%.

Já os analistas da Genial destacam que o lucro do banco foi puxado principalmente por menores despesas com provisões pelo perfil mais defensivo da carteira de crédito, com participação relevante do agronegócio, e pelo controle de custos."Se o BB conseguir replicar o mesmo desempenho do primeiro trimestre nos próximos três trimestres (o que é bem factível) o lucro do banco ficaria acima da faixa superior do guidance de 2022 de R$ 26 bilhões", apontam os analistas da Genial.

"Com relação à qualidade de crédito, o banco segue reportando indicadores saudáveis, nos dando confiança para a continuidade de resultados robustos nos próximos trimestres", avaliam os analistas da Ativa.

Já os analistas da Eleven Financial Research dizem que é comum em anos eleitorais ver ações de estatais "descolando de seus fundamentos. Portanto, mantemos uma visão mais cautelosa" em relação aos papéis do BB.

Fluxo pode determinar direção das ações Embora com nuances entre cada um deles, os resultados dos grandes bancos atenderam de modo geral as expectativas do mercado, com algum crescimento nas concessões de crédito e no lucro, e também da inadimplência.

Os números por si só, contudo, não foram percebidos pelos especialistas como suficientemente positivos, ou negativos, para provocar algum movimento mais intenso de queda ou de alta para as ações na Bolsa de Valores.

Mais até do que os fundamentos econômicos, a performance dos papéis no curto prazo é muito mais ditada pelo fluxo de capital direcionado aos mercados, diz o sócio da Nord Research.Por isso, se em maio, e ao longo dos próximos meses, os estrangeiros voltarem a sacar mais recursos do que aportar no mercado brasileiro, como foi em abril, a tendência é que as ações dos bancos, que têm uma alta representatividade dentro da Bolsa, experimentem uma pressão vendedora, a despeito dos resultados do primeiro trimestre, afirma Tiglia.

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