Governo Biden sobre Brasil: Eleições livres e justas, apesar de Bolsonaro

A fala foi feita pela indicada de Biden à embaixada no Brasil

© JIM WATSON/AFP via Getty Images

Mundo EUA 19/05/22 POR Folhapress

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Elizabeth Bagley, indicada pelo presidente Joe Biden para ser a nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, disse nesta quarta-feira (18) que prevê dificuldades nas eleições no país, em outubro, mas que as instituições brasileiras estão preparadas para resistir a pressões antidemocráticas.

PUB

"[O presidente Jair] Bolsonaro tem dito muitas coisas, mas o Brasil tem sido uma democracia, tem instituições democráticas, Judiciário e Legislativo independentes, liberdade de expressão. Eles têm todas as instituições democráticas para realizar eleições livres e justas", respondeu Bagley ao ser questionada sobre o tema durante a sabatina à qual foi submetida no Senado americano.

"Ao longo de 30 anos, monitorei muitas eleições. E eu sei que não será um momento fácil, muito em razão dos comentários [de Bolsonaro]", disse a indicada, em referência às reiteradas falas do presidente brasileiro que buscam colocar em xeque a legitimidade do pleito em caso de uma eventual derrota.

"Apesar desses comentários, há uma base institucional. O que continuaremos a fazer é mostrar nossa confiança e nossa expectativa de que eles terão eleições livres e justas", afirmou Bagley.

Em seu discurso de abertura, a diplomata tocou ainda em outro tema sensível ao governo Bolsonaro e disse que terá como principal bandeira o combate ao desmatamento e aos crimes ambientais no país.

"Uma das minhas maiores prioridades será encorajar esforços para aumentar a ambição climática e reduzir dramaticamente o desmatamento, proteger os defensores [da floresta] e processar crimes ambientais e atos de violência correlatos", afirmou ela.

Desde que Biden assumiu a Presidência, a área ambiental ganhou papel central nas relações dos EUA com o Brasil, e os americanos se uniram a países europeus na pressão internacional para que o governo brasileiro apresente melhores resultados no combate ao desmatamento na Amazônia.

Ela também prometeu agir no combate ao tráfico de animais e na ampliação da transparência do Brasil sobre dados de desmatamento, além de se mostrar preocupada com o fato de que, muitas vezes, os EUA importam mercadorias produzidas em áreas desflorestadas, como soja e carne.

Bagley, 69, terá condições de atuar nessa área principalmente por ter sido assessora de John Kerry -hoje o principal conselheiro de Biden para questões ambientais. Mesmo assim, diplomatas apostam que a principal missão da indicada, caso confirmada para o cargo, será acompanhar as eleições de 2022, nas quais Bolsonaro tentará se reeleger. O governo americano avalia que o pleito tende a ser conturbado.

A maioria das perguntas à indicada foi sobre ambiente e a influência chinesa e russa no Brasil. Bagley disse querer atuar para reduzir essa presença, com ações contrárias ao avanço chinês na tecnologia 5G e pressão sobre o país por mais medidas anti-Moscou, devido à invasão da Ucrânia.

"Eles são parte do Brics [bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], um grupo do qual não é fácil fazer parte neste momento, e foram o único país a apoiar os EUA nas posições sobre Rússia e Ucrânia. Mas continuarei a pressioná-los", disse. A diplomata classificou a atuação do chanceler brasileiro, Carlos França, como "muito moderada" e prometeu ajudar o país a buscar novas formas de obter fertilizantes, já que grande parte do insumo utilizado pelo agronegócio no Brasil vem da Rússia.

A questão do fornecimento da tecnologia 5G por companhias chinesas foi citada ao menos duas vezes, ao que a indicada reagiu dizendo que os EUA vêm pedindo para o país analisar as implicações de trabalhar com a chinesa Huawei como fornecedor único. "Estamos os encorajando a terem múltiplos fornecedores."

Nomeada em janeiro, ela esperou quatro meses pela sabatina e ainda precisa do aval da Comissão de Relações Exteriores e da aprovação do Senado em votação no plenário. No início da audiência, senadores ressaltaram a importância de tê-la no Brasil a tempo do pleito de outubro, mas não há previsão para que a Casa confirme a indicação. À reportagem na saída da sabatina Bagley disse não saber quando tomará posse.

As escolhas de Biden têm enfrentado demora para serem chanceladas pelo Legislativo. A embaixadora nomeada para o Chile, Bernadette Meehan, foi indicada em julho de 2021, sabatinada em março de 2022 e ainda não teve a confirmação votada pelo Senado. Já o embaixador para a Argentina, Marc Stanley, foi indicado em agosto de 2021, sabatinado em outubro e confirmado pelo plenário da Casa em dezembro.

A possível futura embaixadora no Brasil nasceu em Elmira, no estado de Nova York, e é doadora de longa data do Partido Democrata. Bagley trabalhou nas áreas de diplomacia e advocacia por décadas, tendo sido assessora-sênior de três secretários de Estado: John Kerry e Hillary Clinton, ambos na gestão de Barack Obama, e Madeleine Albright, no governo de Bill Clinton. Ela também foi representante especial para a Assembleia-Geral das Nações Unidas e para Parcerias Globais, além de embaixadora em Portugal.

Atualmente, é dona de uma empresa de comunicação e celulares no Arizona.

Enquanto a nomeação de Bagley não é confirmada, a representação americana em Brasília é chefiada interinamente por Douglas Koneff. O Brasil está sem embaixador pleno dos EUA desde meados de 2021, quando o diplomata Todd Chapman, que ocupava o posto, anunciou sua aposentadoria.

Chapman investiu durante a gestão de Donald Trump (2017-2021) em uma forte aproximação com Bolsonaro e figuras-chave do entorno do presidente, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Com a derrota do republicano para o atual líder americano, os laços estreitos com o bolsonarismo tornaram-se um problema. Auxiliares de Biden afirmam que o embaixador não tinha o perfil do novo governo, o que pesou para a aposentadoria do diplomata.

Até agora, os presidentes Biden e Bolsonaro não conversaram por telefone nem tiveram nenhuma reunião bilateral. Há a possibilidade de que um encontro ocorra durante a próxima Cúpula das Américas, marcada para o começo de junho, em Los Angeles. O líder brasileiro, no entanto, ainda não confirmou presença, e autoridades americanas tentam convencê-lo a ir ao evento.

A Comissão de Relações Exteriores do Senado é chefiada pelo democrata Bob Menendez e tem 11 integrantes de cada partido. Na mesma sessão desta quarta, foram sabatinadas os indicados para os cargos de embaixador dos EUA em Belize, Panamá e na OEA (Organização dos Estados Americanos).

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Gestação Há 20 Horas

Sabrina Sato perde bebê com Nicolas Prattes na 11ª semana de gestação

mundo EUA Há 21 Horas

Trump regressa à Casa Branca, mas e os processos criminais? Explicamos

fama Christina Applegate Há 5 Horas

Com esclerose múltipla, atriz de Friends mal consegue segurar o celular

fama Realeza britânica Há 21 Horas

William fala sobre estado de saúde de Kate após fim de tratamento

fama Prisão Há 21 Horas

Famosos que estão atualmente na cadeia! E um nunca mais vai sair...

fama Realeza Há 23 Horas

Fatia rara de bolo do casamento de Elizabeth II é leiloada por R$ 13 mil

fama Rafael Cardoso Há 6 Horas

Sônia Bridi processa Rafael Cardoso por invasão de casa, ameaças e danos

justica Goiânia Há 6 Horas

Homem mata colega de trabalho após ela negar beijo forçado

fama Realeza britânica Há 6 Horas

Reveladas as últimas palavras que Elizabeth II escreveu em seu diário

mundo França Há 23 Horas

Mãe suspeita de decapitar filhos na França é achada vagando em delírio