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Capitão da seleção brasileira durante boa parte deste século, o ex-lateral Cafu quer que novas eleições sejam convocadas para escolher um novo presidente para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O ex-jogador alerta que o processo eleitoral precisa mudar, para incluir também os atletas. "Não adianta ter eleição para colocar qualquer pessoa para administrar o nosso futebol", disse.
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Nesta quarta-feira, em entrevista a jornalistas brasileiros durante a inauguração do Museu da Fifa, Cafu se recusou a falar de seu "amigo" Joseph Blatter, mas não poupou críticas à gestão do futebol nacional. "É uma confusão danada esse entra e sai (de presidentes)", disse. "O que queríamos é que realmente houvesse uma comissão que definisse seu presidente, vice-presidente, diretores esportivos. E que pudéssemos trabalhar tranquilamente. Não adianta definir cargos de presidente e depois de dois anos tirar", disse.
Em 2015, a CBF teve quatro presidentes. Hoje, quem de fato ocupa o cargo, o Coronel Nunes, não é quem manda na entidade, enquanto Marco Polo del Nero, presidente licenciado, é quem toma decisões. "É uma situação meio desagradável", disse o ex-jogador.
Para Cafu, o impacto dessa situação afeta até mesmo a seleção. "Essa tranquilidade é necessária para que se possa trabalhar e para que o futebol brasileiro possa ser respeitado. O que falta ao Brasil é um pouco de organização. Ser mais profissional e ter o profissionalismo que outras federações já tem", disse.
O ex-capitão do Penta considera, porém, que não basta apenas realizar uma nova eleição. "Eleição é sempre legal. Mas não adianta ter eleição para colocar qualquer pessoa para administrar o nosso futebol. Isso não vai adiantar. Temos de encontrar pessoas coerentes, no ramo de administração esportiva", defendeu.
Para Cafu, o envolvimento dos jogadores na escolha da direção da CBF é fundamental. "Talvez não todos os jogadores. Mas os capitães de cada time e os diretores técnicos, juntos com os presidentes de federações e de clubes. Precisamos ampliar e sermos mais democráticos, e não votar para ajudar alguém. Veríamos realmente como seria uma votação", disse. Hoje, apenas federações estaduais e clubes das Série A e B podem votar.
O ex-jogador descarta por enquanto ser candidato. "Não precisa ser um atleta. Precisamos de um administrador competente, que saiba o que é o futebol brasileiro e que, junto com os atletas com experiência, possa agir. Precisamos acabar com o paradigma de que o presidente só pode ser aqueles que estão no estatuto", insistiu.
O brasileiro ainda comentou a eleição na Fifa. "O mais importante é um futebol transparente, não apenas na Fifa. Mas no futebol mundial", disse. Mas se recusou a falar da situação de Joseph Blatter. "Eu sou amigo do Blatter. Não tenho nada contra ele. Sempre me tratou muito bem. Se ele tem problemas, não sou eu quem vou julgar. Todos temos problemas e tenho certeza que ele irá solucionar da melhor maneira possível", disse.