'Miguel pouco lhe importava', diz sentença que condenou Sari Corte Real

Sari Mariana Costa Gaspar Corte Real foi condenada a oito anos e seis meses de prisão

©  Reprodução / Redes Sociais

Justiça Tribunal 02/06/22 POR Estadao Conteudo

A Justiça de Pernambuco condenou Sari Mariana Costa Gaspar Corte Real a oito anos e seis meses de prisão, em regime inicial fechado, por abandono de incapaz que levou à morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, em junho de 2020. Ela poderá recorrer em liberdade.

Miguel estava sob os cuidados de Sari, que era patroa da mãe do menino, quando caiu de uma altura de 33 metros no condomínio de luxo Maurício de Nassau, no Centro do Recife. A mãe dele, Mirtes Renata, era empregada da família Corte Real e estava passeando com os cachorros dos patrões na hora do acidente.

Imagens das câmeras do circuito interno do prédio mostram o momento em que Sari permite que Miguel entre sozinho no elevador depois de tentar levar a criança de volta ao apartamento. O menino, filho único, estava em busca da mãe e subiu até uma área comum do condomínio, no nono andar, de onde ocorreu a queda.

A sentença é assinada pelo juiz José Rento Bizerra, da 1.ª Vara dos Crimes contra a Criança e o Adolescente de Recife, que disse que Sari "abandonou" a criança.

"A prova pericial emite uma opinião clara, os papéis falam, a denunciada agiu de modo doloso", escreveu. "O gesto da acusada lhe materializou o pensamento, quando abandona o menor, o seu pensamento poderia ter a duração de um relâmpago, ser curta, mas é o bastante, o fim foi a queda e morte do menino."

Em outro trecho da decisão, ele diz que "Miguel pouco lhe importava". "Era só o filho da trabalhadora doméstica beneficiária das vantagens extras", criticou.

O juiz ainda afirma que Sari agiu movida por "motivo fútil". Isso porque, após abandonar Miguel, ela voltou para fazer a unha com a manicure que a aguardava em casa.

"Sobre os motivos do crime, o imediato foi a acusada Sari abandonar à criança para retornar à manicure, um motivo fútil, sentar-se à mesa, entregar uma mão àquela, ou a manicure tomar-lhe a mão, usando a acusada apenas uma para telefonar à mãe de Miguel, um comportamento inapropriado ante a urgência e a emergência do caso", destacou.

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