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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A quinta temporada já está garantida e até anunciada como a última, mas, internamente, a equipe de "Sob Pressão" acredita na possibilidade de continuidade. Julio Andrade, 45, um dos protagonistas, torce para que isso aconteça, mesmo já com o próximo trabalho fechado.
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O ator será Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997), na série (ainda sem data de estreia no Globoplay), que vai contar a trajetória do sociólogo e ativista no combate à fome e em defesa dos direitos humanos no país. Andrade também dirige alguns de seus episódios.
Envolvido com a divulgação da nova temporada de "Sob Pressão", que estreou na última quinta-feira (2), ele se anima todo para falar de seu personagem, o médico Evandro. Profissional do Sistema Único de Saúde (SUS), Evandro só falta fazer milagre para atender (e salvar a vida) dos pacientes que chegam ao hospital público sem recursos e sem insumos básicos onde ele trabalha. A cara do Brasil.
"É uma responsabilidade gigante", diz. "Fazer entretenimento é uma coisa. Agora, fazer entretenimento como representatividade é diferente. O 'Sob Pressão' fala de pessoas quase invisíveis e o papel da dramaturgia tem que ser também de mostrar a realidade e gerar discussões", afirma.
O ator vai além e defende com ardor o realismo e a crueza da série, definida por ele como "um estado de espírito, e o tempo todo conectada com as mazelas do nosso país". Cenas fáceis? Momentos glamourosos? Não há, garante. "Não tem cenas de café da manhã nem ninguém acorda na cama maquiado e penteado. Nunca passei um corretivo na cara e as olheiras são reais".
Julio assume que não gosta de traçar um paralelo entre seus personagens, mas acredita que interpretar o médico da premiadíssima série mudou sua vida e o modo como encara os problemas do Brasil. "Hoje eu sou uma pessoa mais atenta e preocupada com meu país do que era há cinco anos", diz.
Andrade, no entanto, reconhece que vem evitando entrar em debates sobre o atual governo. Prefere a ação à retórica. "A gente faz política o tempo todo, ainda mais nesses últimos dois anos. O Brasil andou muitos passos para atrás e não foram poucos, mas eu não entro em discussão com ninguém. O que eu procuro fazer é usar minha capacidade como ator para transformar", afirma ele, que logo corta o assunto quando o rumo da prosa se encaminha para os apoiadores de Bolsonaro entre os famosos.
"Essas pessoas não me interessam e não perco tempo com elas. Prefiro falar de coisas que acrescentem, como o 'Sob Pressão', e na esperança de um país melhor". De volta ao assunto então, o ator conta uma curiosidade que é mais um atestado de seu talento como ator.
Ele tem pavor de sangue e não entende nada de medicina. Mal saberia fazer um atendimento de primeiros socorros. "As pessoas me pedem consultas. Outro dia o Márcio Maranhão, que é cirurgião torácico e consultor da série, falou sobre um procedimento no pâncreas e eu perguntei onde ficava".
Depois de quatro temporadas na TV aberta, a série acaba de estrear no streaming e, por enquanto, será exclusiva do Globoplay. A produção só deve ir ao ar na Globo no ano que vem. A volta do pai ausente de Evandro, o vício em álcool de Vera (Drica Moraes) e a descoberta de um câncer de mama de Carolina (Marjorie Estiano), estão entre os assuntos abordados ao longo dos 12 novos episódios.