Lava Jato apura possível recompensa a Santana por meio de contratos

Lava Jato apura a ligação entre os repasses a João Santana antes e durante a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff

© Reprodução / Agência Brasil

Política Repasse 25/02/16 POR Notícias Ao Minuto

Os procuradores da Operação Lava Jato investigam a ligação entre os repasses a uma conta secreta do marqueteiro João Santana, antes e durante a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, além de uma possível compensação paga por empreiteiras para levar contratos da Petrobras e da Sete Brasil.

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Segundo a Folha de S. Paulo, a Sete foi criada com dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção de navios-sondas para exploração do pré-sal. Os investigadores acreditam ser pouco provável que João Santana tenha usado a conta de sua offshore do Panamá Shellbill no banco suíço Heritage apenas para esconder "caixa dois" (doação eleitoral não declarada).

Em depoimento à Polícia Federal, sua mulher e sócia, Mônia Moura, confirmou a hipótese do "caixa dois" como estratégia da defesa do publicitário. O elo entre o propinoduto da Petrobras e a campanha de 2014 é o lobista Zwi Skornicki, ex-representante do estaleiro asiático Keppel Fels no Brasil.

Skornicki foi preso na segunda (22), e usou a offshore Deep Sea Oil para depositar US$ 4,5 milhões (R$ 18 milhões) em uma conta de Santana na Suíça entre setembro de 2013 e novembro de 2014.

O estaleiro asiático assinou contratos para a construção dos navios-sondas para o pré-sal. Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras e delator apontou os primeiros pagamentos ilícitos de Skornicki a dirigentes da estatal e ao PT.

De acordo com Barusco, o interlocutor dos repasses da Keppel Fels ao PT foi o tesoureiro afastado do partido João Vaccari Neto, também preso. O delator só não soube dizer como o lobista fazia o pagamento ao partido.

A brecha deixada por Barusco começou a ser preenchida com a minuta do contrato e o bilhete escrito por Mônica a Skornicki, apreendidos em novembro de 2014 quando a propriedade do lobista foi alvo de busca e apreensão. As informações bancárias enviadas pelas autoridades norte-americanas ao Brasil, revelaram os pagamentos da Deep Sea Oil à offshore de Santana, e completaram a narrativa das propinas ao PT, segundo os investigadores da operação.

A atuação de Skornicki na Keppel Fels apenas no Brasil reforça a suspeita da Procuradoria que os pagamentos a Santana foram originados pelos contratos das sondas de perfuração.

A outra parte da investigação faz referência a ligação entre Odebrecht e o marqueteiro do PT. Fernando Migliaccio, executivo da empreiteira suspeito de operar as offshores do grupo, foi preso no dia 17 quando tentava fechar contas na Suíça e retirar ativos de um cofre em Genebra.

A Odebrecht é alvo de investigação da Procuradoria suíça por suspeita de utilização dos bancos do país europeu para pagamento de propinas a dirigentes da Petrobras.

As offshores identificadas como caminho da propina receberam de subsidiárias da Odebrecht no exterior ao menos US$ 215 milhões entre 2006 e 2014. Mas o destino deste dinheiro ainda é um mistério para a Lava Jato. Até agora, só foram comprovados US$ 16 milhões que chegaram às contas de dirigentes da Petrobras na Suíça e outros US$ 3 milhões abasteceram a Shellbill, de João Santana.

A Odebrecht afirma que colabora totalmente com as investigações da Lava Jato.

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