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(FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ao brasileiro Jair Bolsonaro (PL) que confia no sistema eleitoral brasileiro. A declaração foi dada na reunião bilateral que os dois tiveram às margens da Cúpula das Américas, nesta quinta (9) -com a qual o americano "ficou muito satisfeito", segundo Kristina Rosales, porta-voz do Departamento de Estado.
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"A gente sabe que haverá eleições no Brasil em outubro. Entendemos perfeitamente a preocupação do povo brasileiro com esse tema. Tanto que, na reunião, o próprio presidente Bolsonaro falou que respeita a democracia, que vai respeitar o resultado. Nós, obviamente, levamos a sério as palavras que saem da boca do presidente, que é a autoridade máxima do país", disse a assessora, em conversa com jornalistas nesta sexta (10).
O líder brasileiro tem feito uma série de ataques ao sistema eleitoral e à democracia e no próprio encontro com Biden repetiu pedidos por um pleito "limpo, confiável e auditável" -o país nunca registrou suspeitas de fraude comprovadas e tem um sistema auditável. "Cheguei [ao poder] pela democracia e tenho certeza de que quando deixar o governo também será de forma democrática", disse Bolsonaro, antes da reunião.
Rosales reafirmou que os EUA confiam no processo eleitoral brasileiro. "É um sistema que tem funcionado, é seguro e confiável. E isso foi certamente o que o presidente Biden comunicou ontem [a Bolsonaro], dizendo que nós acreditamos nisso e esperamos que o resultado, seja qual for, seja respeitado", prosseguiu. "Não toleramos e não aceitamos intervenção no sistema eleitoral em nenhum lugar."
A fala ecoa uma resposta dada por Elizabeth Bagley, indicada por Biden para ser a nova embaixadora no Brasil, em sabatina no Senado no mês passado. Segundo ela, Washington prevê dificuldades no pleito, mas vê as instituições brasileiras preparadas para resistir a pressões antidemocráticas. "Bolsonaro tem dito muitas coisas, mas o Brasil tem sido uma democracia, tem instituições democráticas, Judiciário e Legislativo independentes, liberdade de expressão. Eles têm todas as instituições democráticas para realizar eleições livres e justas", disse na ocasião.
Nesta sexta, Rosales defendeu ainda a importância de que as eleições tenham transparência e sejam acompanhadas por observadores internacionais. Questionado sobre as falas da porta-voz, o ministro da Justiça, Anderson Torres, discordou da necessidade de observadores externos.
"Quem tem que avaliar o sistema eleitoral brasileiro somos nós, brasileiros, são as instituições brasileiras, que reconhecem a realidade. Observadores internacionais ajudam muito pouco o processo eleitoral", afirmou Torres, que integra a comitiva brasileira em Los Angeles. "A participação da Polícia Federal, das Forças Armadas, da sociedade civil é fundamental nesse momento em que testes no sistema eleitoral serão realizados."
Sobre os resultados da reunião bilateral desta quinta, a porta-voz da chancelaria afirmou que Biden e o governo americano ficaram muito satisfeitos com o encontro, pela oportunidade de tratar de temas que estavam travados havia algum tempo. Foi a primeira vez desde que o democrata assumiu o cargo, em janeiro do ano passado, que os dois líderes se falaram.
"O presidente Biden ficou muito satisfeito com a conversa e com a presença do Brasil na cúpula. Pela reunião, a gente sabe que conta com esse apoio do Brasil para temas mais abrangentes", disse. Como exemplos, citou a Guerra da Ucrânia e o combate à insegurança alimentar.
"Ficamos muito agradecidos pela visita de Bolsonaro. Isso abre as portas para ter uma relação mais estreita entre os dois países." O brasileiro também fez elogios ao encontro e repetiu, a jornalistas e mesmo em seu discurso na plenária nesta sexta, que saiu dele "maravilhado" com o colega americano.
Sobre desmatamento, Rosales disse que os compromissos assumidos pelo Brasil são bem-vindos, mas que precisam ser acompanhados de ações práticas. "O mais importante para nós é não só a conversa, a declaração, mas o ato, as ações, os resultados. E foi colocado na mesa que a temática da mudança climática, o que está acontecendo na Amazônia, não é uma questão bilateral, é regional."