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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com cerca de 2 milhões de doses perto do vencimento em estoque, o Ministério da Saúde conta com a ampliação do prazo de validade da vacina da Pfizer. A reportagem apurou que o ministro já foi informado de que seria possível estender a validade de 12 para 15 meses.
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Em nota enviada à reportagem nesta segunda-feira (20), a empresa afirmou que "novos dados de estabilidade devem estar disponíveis para potencial análise das autoridades regulatórias em breve".
A ampliação do prazo de validade depende do aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em abril do ano passado, a agência autorizou que a validade passasse de 9 para 12 meses, tanto para a vacina adulta como para a pediátrica.
"A Pfizer mantém estudos de estabilidade da vacina ComiRNAty para avaliar o prazo de validade dos imunizantes. A ampliação do prazo de validade perante a Anvisa segue todos os trâmites regulatórios e somente passa a vigorar após a aprovação do órgão", afirmou o laboratório.
Como revelou o jornal Folha de S.Paulo, o Ministério da Saúde tem 1,92 milhão de doses da Pfizer compradas a R$ 128 milhões com validade entre julho e agosto. Cada dose custou R$ 66,89. Os dados, mantidos sob sob sigilo pela pasta, foram levantados pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Segundo o mesmo relatório, 26 milhões de unidades da Astrazeneca também vencem nos próximos dois meses. O montante chega a R$ 1,09 bilhão, o que equivale a R$ 41,83 por dose.
A descoberta foi feita por auditores da Secretaria de Controle Externo da Saúde (a SecexSaúde) do tribunal, em inspeção ao Dlog (Departamento de Logística em Saúde) do Ministério da Saúde em maio deste ano –24 milhões de vacinas perdem a validade entre setembro e dezembro.
"Termos notícia de que estamos prestes a perder mais de 28 milhões de doses de vacina nos próximos dois meses e meio, num prejuízo de quase R$ 1,23 bilhão, é no mínimo estarrecedor", afirmou o ministro do TCU Vital do Rêgo em despacho na quarta-feira (15).
O prazo de validade das vacinas contra a Covid-19 também é motivo de preocupação nos municípios. A reportagem apurou que secretários municipais de saúde chegaram a discutir internamente se deveriam ou não receber doses com prazo de validade inferior a 30 dias por causa das dificuldades logísticas.
Prefeituras afirmam que, via de regra, buscam as doses nos almoxarifados estaduais, o que demanda tempo. Com o fim da chamada Emergência em Saúde Pública, decretada pelo ministério em abril, a avaliação é de que seria difícil justificar o eventual desperdício de imunizantes.
Mesmo com doses no estoque do ministério, muitos municípios reclamaram de desabastecimento de Pfizer neste ano. O imunizante é o único autorizado para a vacinação de crianças de 5 anos e é o mais indicado para a vacinação de grávidas, puérperas, pessoas imunocomprometidas e jovens de 12 a 17 anos.
Durante o anúncio da liberação da quarta dose –ou segunda dose de reforço– para pessoas com 40 anos ou mais, nesta segunda-feira (20), o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou que o Brasil já conseguiu aplicar 2 milhões de vacinas em um único dia.
"O ministério está procurando cada vez mais distribuir essas doses. [A pasta] está fazendo todo um trabalho para que nenhuma dose seja perdida", declarou, após ter sido questionado sobre as doses que estão prestes a vencer.