1 em cada 4 brasileiros diz que falta comida em casa, mostra Datafolha

A sensação de insegurança alimentar afeta sobretudo as famílias mais pobres

© Shutterstock

Economia Fome 28/06/22 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mesmo com a leve desaceleração da inflação dos alimentos, a geladeira vazia continua a assombrar os lares brasileiros, e 1 em cada 4 avalia que a quantidade de comida disponível em casa era inferior ao necessário para alimentar sua família.

PUB

De acordo com pesquisa Datafolha feita na última semana, para 26% dos entrevistados, a comida disponível nos últimos meses era abaixo do suficiente, enquanto 62% julgaram ser suficiente e apenas 12% diziam acreditar ser mais do que o suficiente.

A pesquisa foi feita nos dias 22 e 23 de junho. Foram realizadas 2.556 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 181 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

O percentual dos que não têm o bastante para colocar no prato mantêm-se no mesmo patamar desde maio, oscilando dentro da margem de erro.

A persistência do dado contrasta com a desaceleração da inflação. A alta de preços medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) subiu 0,69% em junho, sendo que o grupo alimentação e bebidas subiu 0,25%, após alta de 1,52% em maio. Em 12 meses, o acumulado é de 13,84%.

As famílias, no entanto, ainda não sentem esse movimento. Em 12 meses até maio, a inflação da cesta básica foi de 27%, segundo estudo da PUCPR.

Além da alta de preços resistente, a volta do emprego com funções mais precarizadas e de baixa remuneração e o acúmulo de incertezas quanto ao ambiente político e econômico dos próximos meses têm feito do custo da comida um assunto central no dia a dia dos brasileiros.

A sensação de insegurança alimentar afeta sobretudo as famílias mais pobres. Entre os que têm renda familiar de até dois salários mínimos (R$ 2.424), ela é de 38%.

Para os que recebem acima de dois e até cinco salários (R$ 6.060), o percentual é de 14%. Para quem recebe até dez salários mínimos (R$ 12.120), ela cai para 4%.

A quantidade insuficiente de comida também é uma realidade mais presente entre moradores do Nordeste (32%) e Norte (30%), mas não deixa de afetar quem vive no Centro-Oeste (24%), Sul (24%) e Sudeste (22%).

Entre os desempregados, 42% disseram que não tiveram o suficiente (eles eram 38% em março). Essa situação também afeta gravemente os que desistiram de buscar trabalho (39%), as donas de casa (38%) e os autônomos (27%).

Recentemente, outras pesquisas também ajudaram a detalhar a gravidade desse cenário. Em uma cidade como São Paulo, a renda dos 5% mais pobres não é suficiente para comprar dois pratos feitos ou 1 quilo de carne por mês.

Além disso, 33 milhões de pessoas passam fome no país, segundo apontou a segunda edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil –um patamar semelhante ao que havia sido registrado há três décadas.

DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO É DESAFIO PARA PRÓXIMO GOVERNO

Apesar de os índices de desemprego mostrarem recuperação ante os piores momentos da pandemia, a qualidade dos empregos gerada e as incertezas quanto ao desempenho da economia nos próximos meses pesam no humor dos brasileiros.A informalidade é uma situação crescente na saída do pior momento da pandemia. Dos brasileiros que trabalham e não têm carteira assinada, 65% já trabalharam com carteira e 32% nunca trabalharam registrados.

Do total dos entrevistados, 37% têm algum desempregado em casa (incluindo o próprio entrevistado) e 49% dos que estão nessa situação têm renda familiar de até dois salários mínimos por mês.

Também preocupa o tempo em que muitos desses trabalhadores estão fora do mercado de trabalho. Dos entrevistados pelo Datafolha que estavam desempregados, 39% estavam nessa situação há mais de dois anos, 29% há no máximo seis meses, 18% há mais de um ano e menos de dois anos e 12% de 6 a 12 meses.

Neste caso, as diferenças regionais também pesam: o desemprego de mais de dois anos é um problema maior no Norte (45%), Nordeste (41%) e Sudeste (41%) na comparação com Sul (24%) e Centro-Oeste (28%).

Dos que avaliam o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) como ruim ou péssimo, 42% disseram estar desempregados há mais de dois anos, 29% até seis meses, 18% de um a dois anos e 10% entre seis meses e um ano.

Ter um desempregado um casa varia segundo a intenção de voto para presidente: 29% dos eleitores de Bolsonaro têm um desempregado em casa (incluindo o próprio entrevistado). Já entre os que pretendem votar no ex-presidente Lula (PT), 42% moram com alguém que está sem ocupação.

Entre os eleitores do petista, que lidera as intenções de voto para a Presidência, 63% não têm ninguém com carteira assinada em suas casas (incluindo o próprio entrevistado) ante 58% dos que preferem Bolsonaro.

22% SÃO BENEFICIÁRIOS DO AUXÍLIO BRASIL

Uma das vitrines do governo para tentar conquistar votos entre as famílias de menor renda e na região Nordeste, o programa Auxílio Brasil (que substituiu o Bolsa Família em novembro passado) atinge pouco mais de um quinto dos brasileiros.

Dos entrevistados pelo Datafolha, 22% diziam ter recebido o Auxílio Brasil em junho –um patamar semelhante ao que o instituto havia captado em maio (21%) e março (23%) passados.

Dos entrevistados com até o ensino fundamental, 31% se disseram beneficiários do programa; entre os que têm renda familiar de até dois salários mínimos, 34% estavam no programa.

Dos eleitores de Lula, 28% recebem o Auxílio Brasil e 17% dos de Bolsonaro. O Nordeste, região em que o presidente Bolsonaro luta para conquistar mais eleitores, é o local do país em que mais pessoas são beneficiadas pelo mecanismo de transferência de renda (35%).

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Brooke Shields Há 18 Horas

Brooke Shields revela ter sido vítima de cirurgia vaginal irreversível

fama Los Angeles Há 17 Horas

Incêndio destrói mansão de Paris Hilton avaliada em R$ 51 milhões

brasil AVIÃO-SP Há 12 Horas

Avião de pequeno porte cai em Ubatuba, no litoral de São Paulo

fama CAROLINA-DIECKMANN Há 15 Horas

Carolina Dieckmann se manifesta sobre comentário criticado em post de Fernanda Torres

mundo Reino Unido Há 17 Horas

Mulher morre em banheiro de restaurante e só é encontrada dias depois

economia INSS-BENEFÍCIOS Há 14 Horas

Saiba quem pode pedir revisão do benefício do INSS em 2025

mundo Inglaterra Há 9 Horas

Carcereira presa por fazer sexo com detento diz estar 'apaixonada' por ele

economia Bancos Há 19 Horas

Receita Federal não vai cobrar imposto por Pix acima de R$ 5.000 mensais

lifestyle Cérebro Há 19 Horas

Neurologistas alertam para hábito comum que prejudica muito a memória

tech Rede Social Há 19 Horas

Entidades lançam manifesto contra alteração de controle da Meta