Dispersão da cracolândia tem saques, quebra-quebra e confronto na Santa Ifigênia

As ruas da Santa Ifigênia, dos Gusmões e Guaianases ​foram as mais afetadas.

© Shutterstock- imagem de arquivo

Justiça CRACOLÂNDIA-SP 07/07/22 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - A tensão entre usuários de drogas, moradores e comerciantes da região central de São Paulo escalou na madrugada e na manhã desta quarta-feira (6). Comércios foram saqueados e houve quebra-quebra e confronto. As ruas da Santa Ifigênia, dos Gusmões e Guaianases ​foram as mais afetadas.

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A madrugada de correria resultou em uma manhã violenta nas ruas. Um grupo, que incluía vendedores que atuam na rua captando clientes para as lojas, brigou com usuários de drogas. Um homem que trabalha na região afirmou à reportagem que os dependentes subiram a rua saqueando e quebrando os estabelecimentos, quando esses vendedores reagiram com pedras, paus, socos e chutes.

Outros comerciantes ouvidos pela reportagem confirmaram o confronto.

Vídeos da confusão circulam em grupos de WhatsApp de moradores do centro. Nas imagens, é possível ver policias passando ao fundo. O próprio funcionário, que pediu para não se identificar, diz que pegou um pedaço de madeira para se defender caso seu local de trabalho fosse invadido.

Uma loja na rua Guaianases, nos Campos Elíseos, foi saqueada por volta das 5h. Segundo uma vizinha do comércio, no local invadido funciona um bar e uma lanchonete, e entre os produtos que ela viu serem levados estão bebidas, um banco e uma TV pequena.

Valdeir Silva de Oliveira, 30, é filho do dono da loja saqueada. Ele diz que foi a primeira vez que invadiram o o local e que a correria teria começado após a GCM (Guarda Civil Metropolitana) tentar dispersar o fluxo que estava concentrado na rua dos Gusmões com a avenida Rio Branco.

"Eles começaram a subir a Gusmões provocando uma onda de arrastões", diz. A família agora espera o resultado da perícia para contabilizar o prejuízo.

"Meu marido acorda às 4h para trabalhar. Quando foi por volta das 4h05, começamos a escutar os gritos dos usuários e o barulho da porta da loja. Quando saímos na varanda, estava essa tragédia", disse a secretária Jéssica Almeida, 25.

A moradora diz que policiais militares e guardas metropolitanos chegaram rapidamente ao local, evitando o saque de outras lojas. "Desde que a cracolândia foi para a praça Princesa Isabel, estamos nessa insegurança", disse a secretaria.

Pablo Ferreira, 32, viu o momento em que frequentadores do fluxo saquearam uma banca de jornal na avenida Rio Branco. "Foi uma cena muito triste. Eles saíram pegando tudo, o senhorzinho [da banca] tentando impedir e sendo empurrado. É desumano o que eles fazem com a gente", disse.

A prefeitura diz, em nota, que uma patrulha do grupo de operações especiais da GCM avistou grupos de pessoas tentando invadir três lojas. Quatro pessoas foram presas. Na tentativa de fuga, um dos homens se feriu e foi socorrido a UPA Vergueiro pelos agentes da GCM.

A reportagem avistou um assalto a um motoqueiro que estava parado no semáforo da rua General Osório na esquina com a avenida Rio Branco. Ele teve o celular roubado. O motoqueiro tentou conversar e pedir de volta o celular, mas foi cercado por pelo menos dez pessoas.

Por medo de novos saques e como forma de protesto, comerciantes da Santa Ifigênia decidiram não abrir as portas nesta quinta (7).

GARCIA E NUNES

A cerca de 500 metros de distância de onde ocorreu a briga entre vendedores e frequentadores do fluxo, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), participavam da vistoria das obras do novo prédio do Hospital Pérola Byington, na avenida Rio Branco.

Questionados sobre como responderão à insegurança no entorno do hospital, que fica entre o endereço antigo e o novo da cracolândia, Nunes disse que o número de policiais em patrulhamento ostensivo dobrou de 1.200 para 2.400.

"Fizemos também um concurso para mais mil guardas-civis e ampliamos o valor do salário inicial dos GCMs em 72%. Estamos tomando ações concretas para ajudar na segurança", disse.

Ação da prefeitura fechou nesta quarta (6) sete estabelecimentos no entorno do novo hospital que serviam de apoio ao tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil. "Rodrigo e eu estamos determinados a enfrentar isso todos os dias de forma contínua", disse o prefeito.

Apesar de citado, o governador não se manifestou.

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