'Esse louco chegou atirando', diz mulher de petista morto por bolsonarista no PR

Marcelo Aloizio de Arruda foi morto a tiros por um bolsonarista

© Reprodução

Justiça Foz do Iguaçu 11/07/22 POR Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O "Parabéns" já havia sido cantado e a maioria dos convidados já havia deixado a festa quando um homem passou de carro em frente à porta do salão de festas em Foz do Iguaçu (PR): "Aqui é Bolsonaro", "Lula ladrão", gritou, proferindo xingamentos.

PUB

A princípio os amigos acharam que era brincadeira de um colega do aniversariante, Marcelo Aloizio de Arruda, que ganhou uma festa de 50 anos decorada com estrelas vermelhas e o rosto de Lula na noite deste sábado (9). Afinal, o guarda municipal, apesar de ser tesoureiro do PT, tinha muitos conhecidos de direita.

"Um de nós até foi na cozinha e falou: Marcelo, vai lá recepcionar que chegou mais um amigo seu bolsonarista", conta o amigo e empresário de turismo André Alliana, 49. Só perceberam que não era piada quando o homem fez o retorno na rua sem saída e, com uma mulher e um bebê no banco de trás, repetiu ameaças.

"O cara tirou a arma para fora do carro e falou: 'Olha aqui para vocês, vocês merecem morrer, seus desgraçados", diz André. A essa altura Marcelo já estava a cerca de um metro do veículo, ao lado da companheira e policial civil Pâmela Suellen Silva, que afirma ter se aproximado para apaziguar a situação.

Marcelo então jogou o copo de cerveja em direção ao motorista, identificado depois como o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, e procurou se esconder da linha de tiro. "Para com isso, vamos embora", gritou nesse momento a mulher do banco de trás, em desespero, ainda segundo os relatos.

Ninguém acreditou quando o homem falou que voltaria, só Marcelo, que decidiu ir pegar sua arma no carro. "Eu até discuti, falei 'imagina, Marcelo'", conta Pâmela, que trabalha na delegacia local especializada em combate à corrupção. "Uma loucura, a gente não entende isso", fala ela à Folha.

André também afirma ter tentado demover o amigo da ideia: "A gente está aqui bebendo, arma e chope não combinam", chegou a aconselhar, mas o guarda municipal respondeu que quase não estava bebendo porque estava com os filhos, um bebê de 40 dias, uma menina de seis anos e dois já mais velhos de outro casamento.

Cerca de 20 minutos depois, por volta das 23h40, o policial penal de fato voltou com a arma em punho. Pâmela não se recorda muito bem da dinâmica dos acontecimentos nessa hora, mas André afirma que estava a cerca de três metros de distância e viu quando o homem passou a disparar.

"Todo mundo procurou lugar para se refugiar. O Marcelo sacou a arma e falou 'para, polícia', mas ele [Jorge José] começou a atirar. Errou uns dois tiros e acertou um na perna. Depois, chegou em cima e deu um tiro no Marcelo, que se virou e descarregou no cara, a um metro e meio de distância", detalha.

Quando uma equipe de policiais chegou ao Clube Social Aresf (Associação Recreativa e Esportiva da Segurança Física), Marcelo estava caído ao chão, atingido por duas perfurações de arma de fogo e ao lado de sua pistola Taurus, municiada com dois cartuchos ainda intactos.

Jorge José estava ao seu lado, a princípio com três perfurações e 11 munições também íntegras no carregador de sua Taurus, como indica o boletim de ocorrência lavrado à 1h22. As armas foram recolhidas porque ainda havia muita gente no local, e os dois foram resgatados ao hospital, onde não resistiram aos ferimentos.

Segundo o registro, a Delegacia de Homicídios foi acionada para fazer perícia no local, apreendeu as armas e aguardava as imagens das câmeras de monitoramento do clube.

"Eu estou arrasada", diz Pâmela, ainda de licença à maternidade. "A gente estava entre amigos e família. Tinham pessoas de outras opiniões políticas e nem por isso estávamos alterados ou discutindo. Estávamos festejando o aniversário de 50 anos do Marcelo e esse louco chegou atirando."

Pâmela afirma que ninguém conhecia o agressor, que só ficaram sabendo que ele era agente federal no hospital, e que Marcelo nunca havia citado ameaças. "Mas a gente conversava muito que estava começando a ficar tenso por causa das eleições, das opiniões extremas", conta.

O companheiro tinha 28 anos de Guarda Municipal, estava prestes a se aposentar e sempre andou armado, porque a corporação tem essa prerrogativa em Foz do Iguaçu, afirma. "Era um cara extremamente tranquilo, nunca vi ele brigar com uma pessoa, nunca vi sacar a arma", diz André, amigo há três décadas.

Estava no PT havia mais de dez anos, já tendo concorrido a vereador e a vice-prefeito pelo partido nas últimas eleições municipais. Formou-se inicialmente em biologia na faculdade, onde conheceu Pâmela, com quem morava há seis meses. Deve ser sepultado nesta segunda (10), deixando quatro filhos.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Luto Há 23 Horas

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

fama Óbito Há 19 Horas

Detalhes sobre o funeral de Liam Payne são divulgados

fama Mortes Há 22 Horas

Todos os famosos que morreram em 2024 e alguns você nem lembrava

mundo Uganda Há 19 Horas

Raio cai em igreja e mata 14 pessoas durante culto em Uganda

fama Cantora Há 21 Horas

Rihanna diz que torcia pela seleção brasileira e era fã de Ronaldinho Gaúcho

fama Hobbies Há 18 Horas

Famosos que pularam de bungee jump e fizeram outras loucuras radicais!

fama Luto Há 16 Horas

Bailarina de Claudia Leitte teve parada cardíaca em ensaio

fama Polêmica Há 17 Horas

Sean Combs, o Diddy, completa 55 anos em meio a processos e denúncias sexuais

fama Luto Há 11 Horas

Agnaldo Rayol construiu legado entre a música, a televisão e o cinema

fama Homenagem Há 15 Horas

Adriane Galisteu faz declaração a Senna em semana de homenagens