Ministro da Justiça pede que PF investigue filme que simula ataque a presidente

Em vídeos e fotos que circulam em contas de bolsonaristas nas redes sociais neste sábado (16), o personagem com a faixa presidencial aparece caído no chão e sujo de sangue, aparentemente após ter sido vítima de uma ação violenta durante a motociata.

© Getty

Política ANDERSON-TORRES 17/07/22 POR Folhapress

CAROLINA LINHARESSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, determinou que a Polícia Federal investigue uma produção cinematográfica em que um personagem semelhante ao presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de uma motociata e sofre um ataque.

PUB

Em vídeos e fotos que circulam em contas de bolsonaristas nas redes sociais neste sábado (16), o personagem com a faixa presidencial aparece caído no chão e sujo de sangue, aparentemente após ter sido vítima de uma ação violenta durante a motociata.As publicações, feitas também por deputados apoiadores de Bolsonaro e pelos filhos do presidente, deixam claro se tratar de uma filmagem –e é possível ver um set de gravação nas imagens.

"As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado", disse o ministro.O filme foi atribuído por bolsonaristas, como Carla Zambelli (PL) e Mário Frias (PL), à Rede Globo, mas, em nota divulgada pelo G1, a emissora negou que se trate de produção sua e indicou que as filmagens seriam do filme "A Fúria", do cineasta Ruy Guerra, 90. A obra encerra a trilogia de "Os Fuzis" (1964) e "A Queda" (1977).Questionado pela reportagem, Guerra afirmou que não falaria sobre o filme até o seu lançamento e não especificou quando isso ocorrerá. Ele confirmou que está gravando o filme "A Fúria", mas disse não saber se as cenas compartilhadas nas redes pertencem a sua obra.

Mesmo após a descrição das cenas pela reportagem, Guerra se recusou a falar sobre o assunto. "Não sei dizer porque não vi, não vi o material", disse.

Os apoiadores de Bolsonaro criticaram as cenas, afirmando que se trata de discurso de ódio da esquerda e de incentivo à violência contra o presidente.

"Essa ideologia esquerdista mata e quer matar ainda mais! Tentaram matar Bolsonaro uma vez e não conseguiram, agora, até ensinam como fazer", publicou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A acusação de que a esquerda promove discurso de ódio a partir das cenas ocorre na semana em que a incitação à violência pelo presidente Bolsonaro esteve em discussão, após o assassinato do petista Marcelo de Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho em Foz do Iguaçu (PR).Na sexta-feira (15), partidos de oposição se reuniram com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para entregar representação em que acusam Bolsonaro de disseminar discurso de ódio e incitar a violência. Moraes deu 48 horas para o presidente se manifestar.As cenas de ficção de um suposto ataque ao presidente foram repudiadas pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e pelo ex-juiz Sergio Moro (União Brasil).

"Repudio veemente qualquer ato que possa estimular a violência a quem quer que seja. Está circulando nas redes um 'filme' que demonstra o suposto assassinato do nosso presidente. Isso não é arte! Isso é um ato imoral à nação e ao governo federal", publicou Mourão."Inadmissível tratar de forma jocosa ou figurativa a morte de uma pessoa, ainda mais de um presidente da República. Esse tipo de comportamento acirra os ânimos e não contribui em nada para o debate político", disse Moro.

Em nota, a Globo diz não ter "nenhuma série, novela ou programa com esse conteúdo". "Segundo foi informada, a gravação seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado 'A Fúria'", diz o texto.

"O Canal Brasil tem uma participação de apenas 3,61% nos direitos patrimoniais desse filme, mas jamais foi informado dessas cenas e, como é praxe em casos de cineastas consagrados, não supervisiona a produção. Embora tenha participação acionária no Canal Brasil, a Globo não interfere na gestão e nos conteúdos do canal", conclui a nota.

Segundo o site da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o filme "A Fúria" foi selecionado em edital para receber financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual, fundo público de fomento. A verba destinada é de R$ 2 milhões.

A sinopse da obra diz que o protagonista da trilogia, Mário, preso durante a ditadura militar, "sai da cadeia já velho, para ajustar contas com sua história e com os dois homens que, a seu ver, traíram a ele e ao país: Salatiel, seu sogro, e hoje rico empreiteiro, e Ulisses, seu antigo companheiro de militância, hoje um poderoso político".

O elenco conta com Lima Duarte, Paulo César Pereio, Daniel Filho, Maria Gladys, entre outros.

Nascido em Moçambique e parte do grupo do cinema novo, Guerra também é conhecido pelo filme "Os Cafajestes" (1962) e venceu o prêmio Urso de Prata do Festival de Berlim com os filmes "Os Fuzis" e "A Queda".

Seu longa mais recente, "Aos Pedaços" (2020), recebeu três prêmios, inclusive o de melhor direção, no Festival de Gramado.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama PRETA-GIL Há 22 Horas

Madrastra atualiza estado de saúde de Preta Gil e fala em recuperação lenta

brasil BR-116 Há 3 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

fama Vanessa Carvalho Há 3 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

esporte CBF-DENÚNCIAS Há 5 Horas

Presidente da CBF demite diretor que é amigo de Ronaldo por justa causa

mundo EUA Há 2 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama GUSTTAVO-LIMA Há 5 Horas

Gusttavo Lima é hospitalizado, cancela show no festival Villa Mix e fãs se revoltam

fama Blake Lively Há 22 Horas

Blake Lively processa Justin Baldoni por assédio sexual

tech OpenAI Há 22 Horas

Líder da OpenAI diz que Elon Musk é “claramente um bully”

mundo Alemanha Há 22 Horas

Divulgadas imagens do autor de ataque em feira de Natal na Alemanha

fama Conan O'Brien Há 22 Horas

Conan O'Brien faz homenagem aos pais que morreram na mesma semana