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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A senadora Simone Tebet (MS) foi confirmada nesta quarta-feira (27) pelo MDB como candidata à Presidência da República com boicote de estados como Alagoas e Paraíba, que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sem definição sobre o vice a ser indicado pela federação PSDB-Cidadania.
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A senadora recebeu 262 votos sim e 9 votos contrários dos 182 votantes –cada um pode ter mais de um voto. Mais cedo, o nome de Tebet foi aprovado por unanimidade pelos 19 votantes da federação PSDB-Cidadania. Ela foi apontada candidata única de MDB, PSDB e Cidadania em 18 de maio, mas precisava ter o nome chancelado nas convenções nacionais.
A convenção foi marcada por críticas de membros do partido alinhados ao presidente nacional, Baleia Rossi (SP), contra a ala que abriu divergência em relação ao nome de Simone Tebet e buscou minar a candidatura da senadora. Ninguém se manifestou contra Tebet no evento.
Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes declarou apoio "total e irrestrito" a Tebet e, sem citar nomes, criticou os que tentam usar o partido para atingir interesses regionais.
Carlos Marun, ex-ministro do governo Michel Temer, reconheceu que o partido não estava unido e apelou aos colegas que se opõem à senadora para se unirem em torno do nome dela já no primeiro turno. "Infelizmente companheiros nossos estão tomando [agora] a decisão que deveriam tomar daqui a dois meses", afirmou, em referência a um eventual segundo turno entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Marun se referia à ofensiva da ala emedebista que apoia Lula e que tentou adiar a convenção que escolheu Tebet. Na segunda-feira (25), filiado ao MDB de Alagoas protocolou junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ação para cancelar a convenção do MDB nacional.
Hugo Wanderley Caju, que foi candidato a prefeito de Cacimbinhas (AL) em 2020, argumenta que o formato da reunião, por meio do aplicativo Zoom, viola o sigilo do voto. Segundo o MDB, não havia possibilidade de isso ocorrer porque o link da reunião em que discursaram emedebistas históricos foi diferente do link utilizado pelos filiados para votar. O TSE negou o pedido para cancelar a convenção.
Alagoas, com nove votantes, e Paraíba, com três, foram os únicos estados em que ninguém participou da convenção.
Durante o evento, senadores da ala lulista como Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM) e Marcelo Castro (PI) pressionaram colegas contrários à candidatura de Tebet a não participarem da convenção.
"É uma forma de demonstrar contrariedade com a manutenção da data e do sistema zoom [por meio do qual foi realizada a convenção", explicou Calheiros.
Segundo o parlamentar, o grupo resolveu se abster e não votar contra Tebet porque não há um problema contra a senadora em si, mas existe uma avaliação de que ela não se tornou viável.
"Não somos contra a candidatura. O que contestamos é o desempenho da candidatura. Para ser candidata, ela deveria ter mudado a fotografia das pesquisas. Combinamos uma reunião em julho para fazer avaliação da manutenção, o que não ocorreu", continuou o senador.
A votação, que começou 10h, inicialmente terminaria às 14h, mas foi prorrogada até 15h29 para dar tempo para que convencionais e delegados pudessem votar –por medida de segurança, apenas um por vez era autorizado a acessar o ambiente virtual em que a votação ocorria. A demora fez com que alguns filiados desistissem de participar do processo.
Para assegurar a aprovação do nome de Tebet na convenção, Baleia indicou que liberaria os estados para fazerem campanha para o candidato que quiserem. Além da ala que apoia Lula, um grupo no MDB defende a candidatura de Jair Bolsonaro.
Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, e Roberto Freire, presidente do Cidadania, falaram no início da convenção emedebista. O PSDB acompanhou com atenção o evento. Reservadamente, tucanos disseram que o resultado seria importante para subsidiar a decisão do partido de indicar um vice para compor a chapa de Tebet.
O mais cotado até então no PSDB era o senador Tasso Jereissati (CE). Ele, porém, sinalizou a aliados que pode rejeitar o papel. Tebet participou virtualmente da reunião da federação PSDB-Cidadania. Segundo Bruno Araújo, do PSDB, a decisão sobre o vice poderia ser tomada ainda nesta quarta-feira. Ele lembrou, porém, que ainda há prazo para isso.
"Eu e o presidente Roberto Freire vamos, ao longo do dia de hoje, tentar afunilar esse conjunto de alternativas e estamos na expectativa de que possamos fazer isso o mais rápido possível. Os nomes aqui citados [Tasso e Eliziane Gama] são dois dos mais expressivos, mas há mais alternativas também que a federação analisa como possibilidades."
"Há um consenso de que essa vaga tem espaço prioritário por parte do senador Tasso. Não há uma posição conclusiva ainda nesse diálogo entre o senador Tasso e a senadora Simone. Se, eventualmente, isso puder se confirmar, será de muito bom grado por toda a federação", disse Araújo. "O limite legal é até o dia 5, mas a nossa percepção, minha e do presidente Roberto, é de oferecer uma solução o mais rápido possível."
Segundo participantes, a senadora afirmou que o PSDB sempre teve candidato próprio e que o partido demonstrou "generosidade" ao abrir mão disso em nome de uma candidata mulher e de outra legenda, o que aumenta a responsabilidade dela.
Durante o encontro, Tasso afirmou que vai trabalhar pela candidatura de Tebet com a disposição de quem está em início de carreira e "na frente" onde ele for mais necessário.
Interlocutores de Tasso afirmam que ele e a família resistem à indicação. O senador –milionário e fundador do grupo controlador da rede de shoppings Iguatemi– é cardíaco e faz exames de rotina nos Estados Unidos. A um aliado tucano, Tasso disse que o ideal era encontrar uma opção que agregue mais eleitoralmente a Tebet para vice. O senador, porém, indica que se não tiver outra opção, ele assume o posto.
Na convenção, Eliziane Gama disse que Tebet "é uma grande mulher" e que a federação apresenta ao Brasil uma alternativa grande e viável. A senadora afirmou ainda que a eleição começa agora e que vai trabalhar para envolver a juventude e as mulheres.
Em meio ao impasse com Tasso, o nome da senadora Mara Gabrilli voltou a ser colocado como opção para vice de Tebet. Gabrilli já tinha sido citada pelo presidente do PSDB em junho quando os tucanos aprovaram o apoio à candidatura do MDB, mas aliados da senadora afirmam que ela não tem conversado com o partido sobre o assunto nos últimos dias.
Além disso, Gabrilli deve ser indicada novamente pelo Brasil daqui a dois anos para um cargo na ONU, que é incompatível com mandatos executivos, como o de vice-presidente. A senadora é perita no Comitê Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e terá inclusive uma agenda de um mês em Genebra entre agosto e setembro.