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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, preso sob suspeita de manter em cárcere privado uma paciente em Duque de Caxias (RJ), assumiu risco de matá-la, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro. O órgão obteve a prorrogação, por mais 25 dias, da prisão temporária do médico.
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Pelo menos 25 mulheres procuraram a Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) para denunciar Silva por erro médico. Ele está preso desde 18 de julho. A reportagem tentou ouvir o advogado de defesa dele, Darlan Renato, sobre os apontamentos da Promotoria, mas não houve resposta.
A Promotoria classificou a ação do médico como irresponsável e declarou que a prática de atendimento tinha como finalidade ganhos financeiros em detrimento da saúde dos pacientes. Mulheres ouvidas pela reportagem relatam terem ficado deformadas e com sequelas após terem sido operadas pelo médico.
"O atuar doloso do indiciado e a irresponsabilidade completa, a vilania, a torpeza de motivo para a prática do delito, a ganância, o objetivo de ganhos financeiros em detrimento da saúde da vítima, submetida a cirurgias sucessivas, inclusive para fins estéticos, que jamais poderiam ter sido levadas a efeito", afirmou a promotora Cláudia Portocarrer.
O inquérito policial foi inicialmente instaurado para apuração de lesão corporal de natureza grave contra Daiana Chaves Cavalcanti, além de associação criminosa e cárcere privado.
Ela ficou internada por complicações de um procedimento estético no abdômen e disse que foi impedida de sair do hospital. A defesa do cirurgião afirma que não houve cárcere privado e que a paciente se recusou a assinar um termo de responsabilidade para ser liberada.
Ao receber os autos do inquérito, a promotora entendeu que, diferentemente do indiciamento feito pela polícia, existem evidências de que o cirurgião teria assumido o risco de matar a vítima, o que pode caracterizar homicídio tentado. O processo foi encaminhado ao Tribunal do Júri de Duque de Caxias.
O pedido de prorrogação da prisão foi deferido pela 4ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias e os autos encaminhados à Deam de Caxias para a conclusão das investigações e o oferecimento da denúncia.