Pros declara apoio a Lula, e petista deve acatar propostas de Janones

A adesão do Pros aconteceu em São Paulo, em reunião da nova cúpula do partido com Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, e Aloizio Mercadante (PT), coordenador do programa de governo do petista.

© Cleia Viana / Câmara dos Deputados

Política LULA-CAMPANHA 04/08/22 POR Folhapress

FOLHAPRESS) - Em um esforço para minar candidaturas alternativas e aumentar a chance de vitória em primeiro turno, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quarta-feira (3) o apoio do Pros e avançou nas tratativas com o deputado federal André Janones (Avante).

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A adesão do Pros aconteceu em São Paulo, em reunião da nova cúpula do partido com Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, e Aloizio Mercadante (PT), coordenador do programa de governo do petista. Com isso, a candidatura à Presidência de Pablo Marçal pode ser anulada em nova convenção a ser realizada pelo Pros na sexta-feira (5).

Participaram do encontro o presidente do Pros, Eurípedes Jr., o presidente da Fundação da Ordem Social, Felipe Espírito Santo, e Bruno Pena, advogado da legenda.

Após a reunião, a direção da sigla se reuniu com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao Governo de São Paulo, e iniciou discussões para tratar de um eventual apoio ao petista no estado.

A direção do Pros realizará nova convenção partidária na sexta-feira (5) para avaliar o cancelamento das deliberações do encontro da legenda realizado no último dia 30 e possível apoio a Haddad.

Em nota, Pablo Marçal disse que sua candidatura foi realizada no prazo legal e que seriam necessários dez dias para convocação de uma nova convenção para retirada do seu nome, o que estoura o prazo limite de sexta-feira. O candidato disse que irá judicializar a questão se houver nova convenção.

"Seguimos firmes no propósito de destravar a nação pelo voto e de enfrentar qualquer poder que, arbitrária e ilegalmente, ouse afrontar o estado democrático de direito."

A nova direção do Pros diz que a convenção que escolheu Pablo delegou à executiva do partido a decisão final sobre a candidatura e que, além disso, há jurisprudência que permite convocação com menos de dez dias em casos excepcionais.

No final da tarde, a assessoria de imprensa de Pablo Marçal anunciou que ele realizará uma coletiva ainda nesta quarta (3) para "tratar do tema da sua renúncia".

Janones, por sua vez, já indicou que abrirá mão de disputar o Palácio do Planalto para apoiar Lula. Nesta semana, a campanha petista fez mais um gesto ao até agora presidenciável ao sinalizar que acatará propostas do deputado no plano de governo.

A expectativa é que o integrante do Avante anuncie a desistência de disputar a eleição à Presidência nesta quinta-feira (4), mesmo dia em que encontrará o ex-presidente.

Além de significar a retirada de mais um pré-candidato do páreo, o acordo com o Pros pode representar mais tempo de televisão para Lula.

A divisão oficial do tempo será informada nas próximas semanas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas o ingresso formal do Pros na coligação de Lula ampliaria levemente a liderança do petista na propaganda no rádio e na TV.

Pela lei, esse tempo é distribuído de acordo com a força partidária de cada candidato, que leva em conta a coligação formada ao seu redor. Só os seis maiores partidos da coligação contam para a divisão.

No caso de Lula ele já tem sete partidos em sua chapa. O ingresso do Pros daria ao petista 12 segundos a mais em cada bloco geral de 12 minutos e 30 segundos de propaganda, tirando do cálculo o PV, que acrescenta cerca 6 segundos.

Com isso, a candidatura do ex-presidente ficaria com cerca de 3 minutos e 16 segundos por bloco. Bolsonaro viria logo em seguida, com cerca de 2 minutos e 50 segundos.

A cúpula petista trata com cautela, porém, a conversa com o Pros porque ainda há disputa judicial em torno do comando do partido.

A antiga direção da legenda foi destituída no último domingo por decisão do ministro Jorge Mussi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas ainda há espaço para questionamentos judiciais.

O magistrado devolveu o comando do partido ao seu fundador, Eurípedes Jr. O Pros havia oficializado no domingo (31) a candidatura do coach motivacional Pablo Marçal à Presidência da República.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, o Pros vive um racha interno, em uma disputa de poder que envolve inclusive negociações para tentativa de compra de sentença judicial.

Marçal disse à reportagem que pretende conversar com Eurípedes Jr. até esta quarta (3) e reconhece que sua postulação, embora já esteja registrada no TSE, está ameaçada.

"Acho que o risco existe, política é igual céu, escreve desse jeito aí. Todo dia que você acorda está diferente."

Apesar disso, o empresário afirmou que pretende ir até o fim, que em 48 horas levou cerca de 20 mil filiados ao Pros e que pode ajudar o partido a eleger 11 deputados federais.

"Eu dediquei o ano de 2022 para a política. Deixei de faturar alguns milhões para mexer com política, para servir à nação, e vou até o fim", disse.

Em outra frente, na busca por atrair apoios, o pré-candidato pelo Avante, André Janones, deverá se reunir com o ex-presidente Lula nesta quinta -será o segundo encontro entre os dois no último mês. De olho no potencial de mobilização nas redes sociais do deputado, a reunião poderá sacramentar um acordo.

O presidenciável já havia indicado que poderia retirar a candidatura caso suas propostas fossem incluídas na pauta de outros candidatos ao Palácio do Planalto.

Entre as pautas que o deputado levará à mesa de discussão com Lula está a manutenção do auxílio de R$ 600 e com pagamento em dobro para mães solo, a inclusão de famílias do cadastro único nos beneficiários do Auxílio Brasil, a ampliação da oferta do programa de saúde mental no Brasil e a implementação de lei de inclusão para pessoas com deficiência.

O grupo que debate o plano de governo de Lula também se reunirá com a equipe de Janones apara alinhar as propostas."O entendimento é que há espaço para o diálogo, para o entendimento e para uma ampla e construtiva convergência programática em temas fundamentais para a reconstrução do Brasil. Também para a ampliação da frente democrática liderada por Lula e Alckmin", afirmou Mercadante, em nota.

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