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THIAGO TASSISÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Palmeiras teve uma semana perfeita. Como o próprio capitão Gustavo Gómez reconheceu, a vitória no clássico deste sábado (13), contra o Corinthians, por 1 a 0, realça a boa fase do Palmeiras, que na última quarta-feira venceu o Atlético-MG nos pênaltis e avançou para a semifinal da Libertadores.
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Líder do Brasileiro e a nove pontos do rival Corinthians após o triunfo, o Palmeiras aproveitou um erro de Fagner e fez um gol no contra-ataque para somar mais três pontos. A solidez defensiva também foi peça importante e assunto para Abel Ferreira depois do jogo. O técnico português fez uma analogia com o suco das laranjas - ou sumo, como é usual em Portugal - para explicar o desempenho e a boa fase do time.
"A forma como defendemos e atacamos tem muito a ver com o compromisso dos nossos jogadores em função daquilo que é a ideia coletiva da equipe. Não tem a ver com o Rocha, com o Weverton. Atacamos todos, defendemos todos. Eu não vejo as coisas de forma isolada, eu vejo as coisas de forma coletiva. E, como coletivo, nós temos que ajudar uns aos outros. Eu corro por ti, você corre por mim", iniciou o treinador, antes de emendar.
"Os números estão aí, são frutos de trabalho. Para mim, jogar bom futebol é apresentar rendimento. Eu não gosto de ir ao supermercado comprar laranjas bonitas, depois abre e não sai sumo. E, curiosamente, as que dão mais sumo muitas vezes são aquelas que têm a pior casca. Eu quero é isso, rendimento. Para mim, jogar futebol é ter rendimento", acrescentou.
Curiosamente, ao citar a casca de laranjas, o treinador acaba se remetendo a uma das principais características do time, apontado como 'cascudo' por causa de uma força mental que já garantiu dois títulos seguidos da Libertadores e deixa a equipe viva para a disputa por um terceiro título continental - o Palmeiras enfrentará o Athletico-PR na semifinal.
Mas a principal ideia de Abel Ferreira quando fez a analogia do suco das laranjas não era destacar a força mental da equipe, propriamente. O técnico propôs, por conta, um debate sobre o que é jogar bem, ou bonito, no futebol brasileiro.
Ele começou a falar sobre o assunto quando foi perguntado sobre a presença de Mayke no time titular e a solidez defensiva do Palmeiras, mesmo com mudanças na linha de zaga. Abel questionou os jornalistas sobre quem tinha o melhor ataque e deu a entender que não está preocupado necessariamente com o rótulo de melhor futebol.Na visão do treinador, o que interessa é rendimento. Atual líder do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras tem a melhor campanha, o melhor ataque (37 gols) e a melhor defesa (14 tentos sofridos) da competição nacional. Além disso, o time ainda não perdeu como visitante (sete vitórias e quatro empates).
"Depende do lado que quiserem olhar [disse o técnico ao ser perguntado sobre a solidez defensiva, retrucando com a questão sobre quem tinha o melhor ataque]. Eu gostaria de saber, especificamente, o que significa a equipe que joga o melhor futebol. Gostaria que vocês, jornalistas, comentaristas, dissessem para mim: o que significa a equipe que joga o melhor futebol? É quem está em primeiro, quem faz mais gols, a que sofre menos, tem mais posse, menos? O que significa isso? Gostaria de saber, gosto de aprender", questionou.
Ontem, contra o Corinthians, o Alviverde teve uma atuação mais inteligente e tática do que com brilho técnico e grandes ações ofensivas. Vale pontuar que o Palmeiras vinha de uma decisão na quarta-feira, em que atuou por mais de 60 minutos com um jogador a menos diante do Galo, e estava sem Gustavo Scarpa. O rival alvinegro, por outro lado, tinha jogado na terça.
"Estou aqui para testar meus limites, os meus jogadores também estão aqui para testar os limites deles. Eu não sei qual é o limite deles, mas os jogadores que entraram foram muito bem. E é isso que eles têm que entender, todos somos um. A equipe tem um compromisso muito forte com a nossa ideia de jogo. Essa é a nossa força. Essa equipe tem rendimento e um espírito de grupo muito forte, graças ao caráter desses jogadores."