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SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - Um haitiano criou uma campanha de arrecadação de recursos na internet para adotar um bebê que ele encontrou coberto de formigas no meio do lixo, em sua cidade natal, Gonaives.
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A caminho de uma festa de ano novo em 2018, Jimmy Amisial, então com 22 anos, estava andando por uma rua e escutou o choro de uma criança, que vinha de uma caçamba de lixo. Quando ele se aproximou, percebeu que havia um menino recém-nascido, que estava em condições precárias e coberto de formigas.
O jovem imediatamente pegou o bebê e o levou para casa, deixando sua mãe surpresa com a situação e com a fragilidade do pequeno.
"Ele estava em uma pilha de lixo chorando, e não havia uma única alma que quisesse fazer algo sobre isso. Quando eu o peguei, ele imediatamente parou de chorar", contou o haitiano, em entrevista à emissora norte-americana CNN.
Segundo ele, as pessoas ao redor da caçamba de lixo não se importaram com o bebê, porque acreditavam que a criança seria um problema, ou que estava amaldiçoada, já que estava com o corpo coberto de formigas.
Amisial, hoje com 27 anos, vive no Texas (EUA) onde trabalha e estuda. Quando encontrou o bebê, ele estava de férias da faculdade nos EUA.
Quando o menino foi resgatado, ele recebeu cuidados do estudante e sua mãe, que o limparam e alimentaram. Em seguida, a polícia foi acionada e começou a investigar o caso, para descobrir o paradeiro dos pais do bebê. Depois de quatro meses de esforços, as autoridades não localizaram nenhum parente.
Diante da situação, o juiz responsável pelo caso perguntou a Jimmy Amisial se ele estava interessado em ser o guardião provisório da criança. A partir disso, o haitiano questionou sua capacidade e se ele e a mãe poderiam cuidar de uma criança, visto que já enfrentavam dificuldades financeiras.
Por outro lado, um fator que também impactou Amisial foi a lembrança de sua infância sem o pai. Ao refletir sobre como seria o futuro do menino, o jovem decidiu ficar com ele.
O bebê recebeu o nome de Emilio Angel Jeremiah e ficou aos cuidados da mãe de Amisial, quando o haitiano precisou voltar para os Estados Unidos para concluir os estudos. Em 2019, ele decidiu começar o processo para a adoção formal de Emilio. No entanto, ele e a família enfrentaram muitos obstáculos para ter a criança.
Amisial explicou que o processo exigiu altos custos, o que prejudicou sua conclusão. "No Haiti, é difícil fazer coisas por meio do governo. Quando comecei o processo parecia tudo bem, mas depois eles me pediram muito dinheiro, mas eu não tinha os fundos."
Por isso que, em meados de julho, ele criou uma campanha virtual para arrecadar fundos para ajudar com o processo.
A All God's Children International, uma agência de adoção, estima que o processo de doação de uma criança no Haiti custe mais de US$ 40.000 (cerca de R$ 206.800). A ação não inclui passagem aérea, hospedagem e outras taxas associadas à viagem, de acordo com seu site.
Amisial estabeleceu uma meta de US$ 60.000 (aproximadamente R$ 310.200) e, na última sexta-feira (19), havia arrecadado mais de US$ 79.000 (R$ 403.260).
"Eu tive que fazer o que tinha que fazer quando ninguém mais queria, e sou muito grato pelos últimos quatro anos e meio", declarou.
Emilio hoje tem 4 anos e sonha em se tornar músico quando crescer. Amisial está determinado a conseguir a guarda definitiva do menino. Ele pretende voltar para a faculdade e concluir seus estudos.