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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Enquanto o governo pressiona a Petrobras a segurar reajustes, a Refinaria de Mataripe, única refinaria privada do país decidiu repassar, no sábado (8), a alta das cotações do petróleo para os preços da gasolina e do diesel.
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O preço da gasolina foi elevado em 9,7% e o do diesel S-10, em 11,3%. A empresa diz que seus preços "seguem critérios de mercado, que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete, podendo variar para cima ou para baixo".
Controlada pelo fundo árabe Mubadala desde dezembro, a Refinaria de Mataripe tem sido mais veloz do que a Petrobras para repassar as variações das cotações internacionais aos preços de seus produtos, o que lhe rendeu críticas no início do ano, quando o petróleo subia no mercado internacional.
"A empresa possui uma política de preços transparente, amparada por critérios técnicos, em consonância com as práticas internacionais de mercado", disse, em nota, a Acelen, empresa criada pelo Mubadala para gerir a refinaria.
Após semanas de queda com temores sobre recessão global, as cotações voltaram a subir na semana passada com a decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de cortar a produção em dois milhões de barris por dia.
Após a série de cortes promovidos pela Petrobras, os preços internos dos combustíveis já estavam abaixo das cotações internacionais desde o fim de setembro, mas as defasagens dispararam nos últimos dias, jogando pressão sob a direção da Petrobras.
Na abertura do mercado desta segunda (10), o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,36 por litro abaixo da paridade de importação, conceito que simula quanto custaria importar o combustível.
No caso do diesel, a diferença medida pela Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis) era de R$ 0,75 por litro, o maior valor desde o dia 16 de junho. No dia seguinte, a Petrobras aumentou o preço do combustível em 14,2%.
Agora, a empresa é pressionada pelo governo a segurar o repasse até a votação do segundo turno das eleições, para evitar respingos na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No primeiro turno, ajudada pela queda da cotação do petróleo, a Petrobras contribuiu com notícias positivas para a campanha, ao anunciar quase semanalmente cortes nos preços. Passou inclusive a divulgar mudanças de preços em produtos que antes não tinham divulgação, como o asfalto.
A estratégia foi criticada pela oposição e por representantes dos acionistas minoritários, pelo uso eleitoral da companhia, que vem sofrendo também com o afrouxamento de sua governança e passou a acomodar aliados do governo em seu alto escalão na gestão Caio Paes de Andrade.