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(FOLHAPRESS) - Após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça de São Paulo, Thiago Brennand, 42, publicou neste domingo (9) uma série de vídeos nos quais se defende das acusações contra ele.
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O conteúdo foi postado originalmente no YouTube e apagado horas depois –outros canais copiaram as imagens e republicaram o vídeo.
Em um deles, com mais de 30 minutos, o herdeiro classifica a imprensa e jornalistas do Brasil como "criminosos".
"Todas as matérias veiculadas vão ser respondidas", diz. "Como vai ficar a Globo e a Folha de S.Paulo com Thiago mostrando que todas as lideranças de suas famílias eram suas amigas?", afirma, se referindo a seus familiares.
A Folha de S.Paulo mostrou no último dia 22 de setembro que, após receberem ameaças de Brennand, seus pais formalizaram em cartório um documento em que manifestam a vontade de retirá-lo do testamento.
Brennand é considerado foragido, uma vez que não retornou ao Brasil no prazo estipulado pelo Ministério Público. Ele é o empresário que ficou conhecido em setembro após agredir a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo. Também é investigado sob a suspeita de 11 crimes sexuais pelo Ministério Público de São Paulo, que agora ouve as mulheres que o acusam.
O empresário viajou para Dubai no último dia 4 de setembro, horas antes de ser denunciado pelo MP-SP sob a suspeita de lesão corporal e corrupção de menores -ele teria incentivado o filho adolescente a ofender a modelo, segundo os promotores.
No pronunciamento, Brennand diz que não está fugindo. "Eu tô tranquilíssimo. Tinha algumas opções de países para onde ir", diz, sem especificar em qual país está. "Estou tranquilo onde estou. Não estou fugindo. Prisão ilegal? Quem que vai se submeter a um Estado de exceção?", afirma, sem explicar qual seria exatamente esse Estado de exceção.
"Vocês mexeram com a pessoa errada. [...] Vocês morrem de inveja. Branco, heterossexual inegociável. Armamentista, óbvio. Conservador, sempre", completa.
O empresário afirma que as acusações fazem parte de uma conspiração contra ele e que a maioria das denúncias de crimes de estupro no Brasil é falsa.
Brennand chama de "pauta comunista" o que considera ser "esse clã sobre os crimes contra a mulher, que gerou um país que é de causar nojo."
Fundadora do Me Too Brasil, a advogada Marina Ganzarolli afirma que é difícil calcular as taxas de denúncias falsas. Isso porque há uma subnotificação muito alta referente a este tipo de crime. "Em pesquisas, o máximo que eu já vi de notícias falsas [sobre crimes sexuais] foi de 6%."
A advogada explica que, no país, há baixas taxas de condenações. "Os depoimentos das mulheres costumam ser desacreditados e não se consegue provas o suficiente. Isso não significa que as denúncias sejam falsas, mas que não conseguimos condenações criminais. Não é possível afirmar que as absolvições são de notícias falsas. Isso não tem uma relação direta."
O empresário cita em seu vídeo Gabriela Manssur, promotora de Justiça de São Paulo e criadora do projeto Justiceiras, que auxilia mulheres vítimas de violência. Ela concorreu ao cargo de deputada federal, mas não foi eleita.
Foi por meio do Justiceiras, Manssur recebeu denúncias contra Brennand e auxiliou no caso. "Maloqueira de Louboutin" e "corpo decrépito" são alguns dos termos usados para ofendê-la.
À reportagem, a promotora afirma que o vídeo é uma forma que o empresário encontrou de tentar intimidá-la. "Ele é fora da realidade, criou o mundo dele, em que só existe ele e acredita nisso. É um cara totalmente desrespeitoso e criminoso. Tudo o que ele disse ali é crime e ele vai arcar com as consequências", diz.
Manssur diz que pretende entrar com ações contra Brennand por calúnia, difamação e injúria. "O que ele falou de mim vai ter que comprovar. Ele me acusa enquanto promotora de Justiça, então vai ter que arcar com as consequências disso tudo."
O empresário também fez um segundo vídeo com ataques a sua antiga advogada Dora Cavalcanti, que deixou sua defesa em meados de setembro.
Brennand diz que Dora estaria rifando ele "tanto para a mídia quanto internamente". Além disso, acusa a advogada de ser antiética e diz que ela se apegava a detalhes de um caso e indagava, por exemplo, porque ele teria chamado uma das mulheres que o denunciam de "vagabunda".
"Ela se apegava a detalhezinhos. [...] Me cobrou R$ 4 milhões para continuar no caso", diz.
Procurada, Dora disse, por meio de nota, que por uma questão de ética profissional, não comenta detalhes de um caso em que atuou. "Repudio, sim, as declarações ofensivas e mentirosas dirigidas pelo ex-cliente a mim e a integrantes de minha equipe", afirma a advogada.