Contra normais legais, Bolsonaro manda pendurar no Planalto Bandeira gigante

A bandeira foi adotada como símbolo de campanha eleitoral por Bolsonaro, seu partido e apoiadores.

© Getty Images

Política Palácio do Planalto 15/10/22 POR Estadao Conteudo

O Palácio do Planalto amanheceu neste sábado, dia 15, com uma bandeira gigante do Brasil pendurada na fachada. A mando do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, funcionários do Planalto instalaram o pavilhão nacional na noite desta sexta-feira, dia 14. A bandeira foi adotada como símbolo de campanha eleitoral por Bolsonaro, seu partido e apoiadores.

A Presidência da República não se manifestou sobre o motivo da instalação da bandeira, tampouco deu detalhes sobre a autorização para que fosse pendurada. O Palácio do Planalto, assim como outros edifícios da administração federal, são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Questionado, o órgão não respondeu sobre aval ao ato de campanha do presidente.

As normas legais impedem alterações nas características do edifício. O objetivo é preservar a memória nacional. Desde 1987, o conjunto arquitetônico e urbanístico de Brasília, que inclui o Palácio do Planalto, é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Integrantes do comitê de Bolsonaro divulgaram gravações nas redes sociais do momento em que a bandeira foi pendurada. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, repetiu frase entoada pelos apoiadores ao publicar as imagens: "A nossa bandeira jamais será vermelha".

Nesta sexta-feira, Bolsonaro fez menção à instalação da bandeira durante uma entrevista com apoiadoras em Minas Gerais. Na ocasião, disse que queria ver quem mandaria retirar a bandeira e afirmou se tratar de um símbolo nacional. Ele, no entanto, afirmou que ordenaria que a bandeira fosse pendurada no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, também tombado. O Estadão verificou neste sábado que, por enquanto, somente o Planalto recebeu a bandeira.

Durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, militantes de movimentos estudantis e sociais ligados ao PT e partidos de esquerda instalaram uma série de bandeiras, faixas e cartazes nas vidraças do Planalto, em protesto contra o processo. Os materiais, porém, foram afixados por dentro das janelas, durante uma ocupação que ameaçam fazer.

No governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato adversário de Bolsonaro no segundo turno, houve uma série de questionamentos por causa de uma alteração nos jardins do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto. A equipe de jardinagem desenhou estrelas com flores vermelhas, símbolo do Partido dos Trabalhadores, a pedido da então primeira-dama Marisa Letícia.

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