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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) escalou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e campeões de votos nas eleições proporcionais para tentar reduzir a diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste.
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O petista obteve 12,9 milhões de votos a mais que Bolsonaro na região, o que compensou as derrotas de Lula no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste.
A ofensiva em busca do eleitorado nordestino envolve, além de Michelle e puxadores de voto, pastores. Na sexta-feira (14), a primeira-dama deu início a uma caravana com parlamentares mulheres no Nordeste. Pelo menos sete capitais devem ser visitadas pelo grupo: Teresina (PI), São Luís (MA), Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Recife (PE) e Maceió (AL).
Michelle é acompanhada pela senadora eleita pelo Distrito Federal e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), além da deputada Celina Leão (PP), vice-governadora eleita do Distrito Federal e líder da bancada feminina na Câmara.
A ex-ministra da Agricultura e senadora eleita pelo Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina (PP), e outras aliadas, como as deputadas Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF), devem se juntar ao grupo. A campanha de Bolsonaro alugou um jatinho para que Michelle percorra até quatro capitais em um só dia.
Lideranças religiosas, comunitárias e políticas foram acionadas pela campanha para mobilizar a população nos eventos com a primeira-dama.
A ideia é que o grupo liderado por Michelle auxilie o mandatário a reverter a baixa aceitação na região e também no eleitorado feminino. Na avaliação da campanha, essas aliadas do presidente também podem ter um papel decisivo para que seja ampliada a diferença de votos de Bolsonaro entre os evangélicos, que representam parcela expressiva da população brasileira
Evangélica da Igreja Batista Atitude de Brasília, Michelle adotou discursos de tom religioso nas cidades do Norte, por onde a caravana já passou, e repetiu a fórmula em Teresina nesta sexta.
"A mensagem que queremos passar é que as mulheres respeitam e reconhecem o trabalho do presidente Bolsonaro. Agora [no segundo turno] estamos mais livres, pois já fomos eleitas e podemos nos dedicar à campanha do nosso presidente", afirmou Damares.
O próprio Bolsonaro visitou Recife (PE) nesta semana, com os pastores Silas Malafaia, deputado Marco Feliciano (PL-SP) e senador eleito Magno Malta (PL-ES).
A ideia é intensificar a presença no Nordeste para conseguir apresentar as realizações do atual governo. Um material de campanha exclusivo para a região, por exemplo, deve mostrar Bolsonaro como solução para alavancar o crescimento nos estados nordestinos e mitigar os índices de pobreza.
Para isso, o plano é fazer uma comparação entre o Bolsa Família, criado nos governos do PT, e o Auxílio Brasil, que foi ampliado e paga atualmente R$ 600.
A aposta da campanha é que no segundo turno aliados do presidente irão se empenhar mais na busca por votos. Isso porque, devido à liderança de Lula na região, muitos candidatos bolsonaristas deixaram de lado as imagens do presidente a fim de não perder votos petistas.
Segundo Celina, a partir desta quarta (19) o grupo encabeçado por Michelle seguirá para o Sudeste -que terá prioridade na campanha por causa da quantidade de eleitores. A ideia é percorrer pelo menos as capitais dos quatro estados da região.
O time bolsonarista deve ser reforçado ainda pelo vereador Nikolas Ferreira (PL-MG), candidato a deputado federal mais votado do país neste ano. Ele deve rodar seis capitais do Nordeste para ajudar o presidente, com um discurso voltado principalmente para os eleitores jovens. Nikolas publicou um vídeo nas redes sociais ao lado de Bolsonaro para convocar a militância.
"A gente vai rodar de 20 a 27 o Nordeste inteiro para a gente virar os jovens, os votos deles, para poder realmente votar no presidente Bolsonaro. Juventude pelo Brasil", afirmou Ferreira.
Em outra frente, a campanha aposta no governador reeleito Romeu Zema (Novo) para virar o jogo em Minas Gerais. A avaliação é que a ajuda do governador mineiro pode ser fundamental para reverter a derrota sofrida para o petista no primeiro turno no estado.
Menos de 48 horas após a divulgação do resultado das urnas, o governador de Minas desembarcou em Brasília e concedeu uma entrevista à imprensa ao lado de Bolsonaro para fazer a declaração de apoio.
Além disso, ambos afinaram agendas conjuntas em Belo Horizonte e Zema tem ajudado a angariar apoio de prefeitos para a reeleição do presidente. A estratégia do mineiro para virar votos é lembrar os eleitores do estado a crise fiscal da época do governo de Fernando Pimentel (PT).
Além de ser o segundo maior colégio eleitoral do país, o estado é uma espécie de espelho do Brasil e o resultado local costuma refletir o placar das urnas no plano nacional.
Essa fama se confirmou novamente no primeiro turno deste ano. No geral, Lula fez 48,4% contra 43,2% de Bolsonaro, enquanto em Minas Gerais o resultado foi 48,29% para o petista contra 43,6% para o atual mandatário.
Por isso, a análise na campanha de Bolsonaro é que uma virada em Minas seria essencial para o projeto de vencer as eleições.