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O balanço do governo considera a população a partir dos 12 anos (no total, 38 milhões no Estado), para quem a 3ª dose já foi recomendada. Ainda conforme a pasta, há 7 milhões que poderiam tomar a 4ª injeção e ainda não tomaram. Para esse reforço, o Estado considera apto o público com 40 anos ou mais, embora as cidades tivessem autonomia para recomendar o complemento para um grupo mais amplo. A capital, por exemplo, aplica a 4ª dose a todos os adultos.
BQ.1.
A alta de infecções é associada ao avanço da nova subvariante da Ômicron, a BQ.1. Os cientistas ainda não sabem se essa versão do vírus é mais grave ou transmissível, mas estudos preliminares apontam maior risco de escape à proteção dada pelas vacinas - por isso é essencial buscar o reforço. "Toda vez que se deixa essa hesitação vacinal, essa lacuna de vacina, propicia que o vírus possa ter uma retomada", disse ao Estadão Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização. Na capital, embora a 4ª dose esteja disponível há três meses para todos os adultos, 3,7 milhões de paulistanos não buscaram os postos de saúde para receber esse reforço. Já em relação à 3ª injeção, esse passivo é de 2,1 milhões, informou a Secretaria Municipal de Saúde.
Para a médica Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia, é preciso "manter cobertura vacinal muito alta, superior a 90%". Os dados da Prefeitura mostram que as lacunas derivam de uma adesão menor entre os mais jovens. Se considerar a 3ª dose, 96% dos paulistanos com mais de 50 anos já se protegeram.
Na faixa entre 18 e 49 anos, esse número cai para 77%. Para a 4ª dose, o cenário piora. Só 28% dos adultos com menos de 50 anos garantiu esse reforço, ante 70% no grupo 50+."Não ter a vacinação atualizada é um desastre", comenta Gonzalo Vecina Neto, ex-secretário municipal de Saúde. "Vacina diminui a mortalidade. A experiência do Estado de São Paulo informa: é 26 vezes menor a probabilidade de morte com vacinação atualizada."
Na Europa, o espalhamento da BQ.1 motivou uma alta de infectados desde setembro. "Na Alemanha, por exemplo, as hospitalizações de UTI por covid dobraram em questão de 15, 20 dias", afirma o coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt.
MOTIVOS
Para especialistas, a baixa procura por vacina de reforço é resultado da soma de alguns fatores. O primeiro é a sensação de tranquilidade, causada pelo arrefecimento da crise sanitária, com menos infecções e mortes. "Parece que a busca pela vacina é reativa. Quando vemos países que estagnaram (a vacinação) e daí tem uma (nova) onda, vemos que a busca pela dose aumenta de novo", analisa Schrarstzhaupt. Esse comportamento, segundo ele, é perigoso e pode levar a hospitalizações e óbitos evitáveis. "Vacina não é remédio. É preventiva."
Vecina, por sua vez, reclama da falta de campanhas. "Neste momento, não temos barulho, não temos convocação. Temos um modelo de vacinação que é campanhista. Sem campanha, sem vacinação", afirma ele, que já presidiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Regiane de Paula reclama do Ministério da Saúde.
"Infelizmente, o Programa Nacional de Imunização está em um momento em que não tem protagonismo nenhum, delegando aos Estados, principalmente, o protagonismo", diz. O Ministério da Saúde, por sua vez, falou que "reforça constantemente, por meio de campanhas de comunicação e ações divulgadas em todos os canais oficiais, a importância de completar o esquema vacinal com a dose de reforço".
CRIANÇAS
Para a pediatra Isabella Ballalai, a preocupação é a baixa taxa de imunização de crianças e adolescentes. "Para eles, sim, a cobertura de duas doses está muitíssimo baixa, com a média de 40%", alerta a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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