Meirelles: 'Lula está em modo campanha'

As falas do ex-ministro, proferidas em encontro fechado organizado pelo BTG, acabaram repercutindo na forma de frases curtas, disparadas pelos participantes do evento.

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Economia Henrique Meirelles 11/11/22 POR Estadao Conteudo

Em dia de estresse no mercado em reação às críticas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à estabilidade fiscal, uma fala do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles causou mal-estar na equipe de transição. Meirelles, no entanto, disse ao Estadão que foi mal interpretado e que é cedo para saber qual será a política econômica do governo eleito.

As falas do ex-ministro, proferidas em encontro fechado organizado pelo BTG, acabaram repercutindo na forma de frases curtas, disparadas pelos participantes do evento.

Entre as falas obtidas pelo Estadão, está a avaliação pessimista de que Lula começou a sinalizar uma direção "à Dilma"; que está "fazendo uma opção que é a opção mais fácil, de agradar lá dentro"; e que "suponha que o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin chamou o Pérsio (Arida) dizendo que eles teriam condições de influenciar mais à frente".

Ao Estadão, Meirelles disse que "a pessoa que vaza só escreve um dos lados, e não os dois". O ex-ministro declarou que, na reunião, falou de duas "linhas" de políticas. Uma que ele defende, que é a política adotada por Lula principalmente no primeiro mandato, iniciado em 2003. "Acho que é o certo. Acredito que ele deva seguir uma linha como essa, mas existe outra linha do pensamento que defende assim e assado. Vamos aguardar definições porque está muito cedo para saber disso", declarou o ex-ministro.

"Existe um linha que defende um maior investimento público sem muita preocupação porque geraria receitas. Eu descrevi as duas possibilidades. Essa possibilidade que está aí não é que a que eu acredito que vá prevalecer", completou Meirelles, que apoiou Lula no segundo turno.

Para Meirelles, Lula ainda está no "modo campanha". "Vamos aguardar a definição dos nomes e aí teremos uma visão mais clara da política econômica." O ex-ministro, que presidiu o Banco Central no governo Lula, defendeu a PEC da Transição para acomodar uma "excepcionalidade" de gastos só em 2023, mas ponderou que será preciso fazer uma série de cortes, inclusive de empresas estatais que não têm mais razão de continuar ativas. Para ele, é viável aumentar despesas em 2023 desde que se faça depois ajuste nos gastos.

O discurso de Lula, aliado às falas de Meirelles, teve efeito desastroso no mercado, que apelidou a quinta-feira de "Boa sorte day" - uma referência ao que o ex-ministro teria dito no evento do BTG.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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