O que se sabe sobre o caso da influenciadora suspeita de ter matado o noivo no DF

O casal namorava havia três anos e vivia em Moema, bairro nobre da capital paulista, de onde haviam partido de carro no domingo (6). No trajeto, de acordo com o depoimento da influenciadora, ambos usaram cocaína.

© Reprodução- Instagram

Justiça MORTE-DF 15/11/22 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - Relatos de violência sexual, uma arma comprada ilegalmente, uso de drogas. Esses são alguns dos aspectos investigados pela Polícia Civil do Distrito Federal no caso da influenciadora digital Marcella Ellen Paiva Martins, 31, presa na última quarta-feira (9), sob suspeita de ter matado o próprio noivo, o empresário Jordan Guimarães Lombardi, 39, em um motel no DF.

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Marcella disse em depoimento que atirou no rosto do noivo durante uma briga, entrou em seu carro e fugiu. Na saída, bateu o veículo contra o portão do motel, o que chamou a atenção dos funcionários do local e levou à descoberta do corpo de Jordan e ao acionamento da Polícia Militar.

O carro, um Audi Q7, presente do noivo, foi rastreado e bloqueado por satélite na BR-070. A influenciadora então roubou uma van escolar, a qual dirigiu até um posto de gasolina em Edilândia, distrito de Cocalzinho de Goiás, onde tentou se esconder e foi presa em flagrante pela polícia, com a arma do crime, seminua e sob efeito de drogas.

O casal namorava havia três anos e vivia em Moema, bairro nobre da capital paulista, de onde haviam partido de carro no domingo (6). No trajeto, de acordo com o depoimento da influenciadora, ambos usaram cocaína.

Estavam hospedados no motel desde segunda-feira (7) para finalizar os arranjos de seu casamento civil, marcado para a última quinta-feira (10), a ser realizado em uma casa luxuosa no DF alugada por R$ 150 mil, de acordo com o advogado Johnny Cleik Rocha da Silva.

"Ele mandou fazer o vestido dela com cristais caríssimos, importados. O terno dele seria feito por um alfaiate famoso", diz o defensor de Marcella. "Os dois estavam juntos havia três anos, vinham para Brasília direto, levavam a família dela para jantar, tinham um relacionamento sadio."

Marcella, nascida e criada na capital federal, mudou-se para São Paulo após se formar em direito. Tentou seguir carreira de modelo em uma agência e depois passou a trabalhar como acompanhante de luxo, segundo o advogado. Conheceu Jordan, sócio de uma consultoria empresarial americana, em 2019.

Em redes sociais, ela faz propaganda de cosméticos e exibe fotos pelo mundo –França, Maldivas, Dubai– aos seus 54 mil seguidores, número que vem crescendo desde o dia do crime. Segundo o advogado, o casal já vivia em união estável, e tinha uma situação financeira saudável. Além do Audi Q7 de 2021, avaliado em R$ 480 mil, Jordan, cujo rendimento seria de R$ 2 milhões anuais, teria encomendado um Porsche de R$ 1,5 milhão.

O relacionamento, porém, também seria marcado por brigas. Marcella disse à polícia ter descoberto que a filha do noivo, de cinco anos, estaria sendo violentada pelo padrasto. Segundo Silva, ela apresentou provas do abuso aos policiais.

A influenciadora contou ter cobrado de Jordan uma atitude para proteger a menina, mas diz que ele teria se negado a fazer uma denúncia, pois teria que ficar com a guarda da criança.

Pressionado pela noiva, o empresário prometeu agir, de acordo com o depoimento da influenciadora, e comprou uma arma ilegalmente em São Paulo. O casal então foi até a casa da mãe da menina, onde Marcella gritou e deu um tiro para o alto.

De acordo com o advogado, Marcella disse ter sido vítima de abuso sexual na infância, nas mãos dos irmãos mais velhos de amigas, um fato que teria mantido em segredo. Por isso, a violência contra a enteada teria sensibilizado a influenciadora.

O assunto teria voltado a gerar discussão na noite do crime, quando o casal teria novamente usado cocaína, de acordo com o advogado.

A NOITE DO CRIME

De acordo com os relatos feitos à polícia, Jordan teria pedido a Marcella que contratasse um garoto de programa, que chegou ao local por volta de meia noite. O empresário, no entanto, teria discutido com o rapaz e tentado agredi-lo. Ao ver a arma, o homem decidiu ir embora, cerca de duas horas depois.

O casal voltou a discutir sobre a questão da criança, e Marcella teria ligado para o Disque 100 e feito uma denúncia.Irritado, o empresário então agrediu Marcella com tapas e tentou estuprá-la, disse ela no depoimento. Ela conta ter pego a arma da bolsa e a apontado para o noivo. Em resposta, ele teria dito que não queria viver e que ela podia atirar. Ela diz ter pedido que ele não a agredisse mais, mas ele voltou atacá-la e ela disparou, atingindo-o no olho direito.

Marcella então fugiu de carro, até ser detida horas depois. A polícia diz ter encontrado no veículo bebidas alcoólicas, caixas de cigarro e cocaína. A arma, de calibre 38, tinha munição e cartuchos já usados, e estava com a influenciadora no momento da prisão. Ela disse aos policiais ter usado o revólver para atirar no noivo e ameaçar o motorista da van escolar que roubou.

Na última quinta (10), dia em que se casaria, Marcella teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

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