© WAKIL KOHSAR/AFP via Getty Images
Pela primeira vez desde que retomaram Cabul em agosto de 2021, após a retirada das forças norte-americanas, os líderes talibã no Afeganistão anunciaram a aplicação de chicoteamentos como forma de condenação. O governo disse que foram punidas no dia 11 de novembro 19 pessoas, por crimes como adultério, roubo e fuga de casa.
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Citado pela NBC News, o Supremo Tribunal afegão disse na quinta-feira que foram punidos dez homens e nove mulheres, com um total de 39 chicotadas. A condenação teve lugar na mesquita da cidade de Taloqan e foi vista pela população.
As autoridades talibã não avançaram com mais detalhes sobre os condenados nem sobre o que lhes aconteceu após o castigo.
Quando os talibã governaram o país no final dos anos 90, os chicoteamentos públicos eram comuns, tal como apedrejamentos e execuções, sendo aplicados especialmente a mulheres que fossem acusadas de adultério.
Mas em 2021, quando recuperaram o control3 sobre o Afeganistão, os talibã prometeram ao Ocidente e aos vizinhos que iriam moderar a aplicação da lei sharia, e que permitiriam uma maior liberdade às mulheres e meninas do país - que, durante os 20 anos de presença norte-americana, conseguiram ter acesso à educação, saúde e à política (o Afeganistão chegou mesmo a ter uma maior percentagem de mulheres no seu parlamento do que muitos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos).
Em vez disso, tem-se verificado uma total repressão dos direitos das mulheres. As meninas foram proibidas de ter uma educação e frequentar escolas (e muitas escolas que se mantiveram abertas foram atacadas) e as mulheres têm sido afastadas da vida pública e civil. Ainda assim, muitas têm arriscado a vida ao continuar a protestar nas ruas contra o regime e a aplicação destas medidas.
No plano econômico, o governo talibã não é reconhecido pela grande maioria dos países da ONU e, como os seus recursos estão completamente congelados pelas autoridades bancárias internacionais, o regime tem tido muitas dificuldades em lidar com a grave crise humanitária que afeta o Afeganistão. Além da forte crise alimentar, que empurrou a quase totalidade da população para o risco de pobreza extrema e fome, o país foi fortemente impactado por um terremoto e fortes cheias durante o verão.