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(FOLHAPRESS) - O empresário bolsonarista Ranier Lemache, que aparece no vídeo em que Gilberto Gil, de 80 anos, e a empresária Flora Gil, 62, sofrem ataques verbais no Qatar, afirmou no Twitter que não xingou o casal. Ele escreveu neste domingo (27) que tem opinião política divergente da do cantor, mas que apenas exaltou o presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, na ocasião.
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"Gostaria de me solidarizar com o sr. Gilberto Gil e sua família em virtude da ofensa que a ele fora proferida, uma vez que eu também não gostaria de ouvi-la", escreveu o empresário. "No entanto, estão veiculando à minha imagem essa ofensa –o que não é verdade."
Ele afirmou que, apesar de não ser o momento e nem o local adequados, apenas disse "vamos, Bolsonaro!" e "você ajudou o Brasil pra caralho". "Essa última [frase] em evidente tom de ironia, haja vista a divergência política que, com todo respeito, não configura nenhuma ofensa", disse Lemache no Twitter.
O empresário no vídeo aparece com uma camisa da seleção brasileira com o número 40 e o nome "Papito Rani" gravados nas costas. Ele disse que foi uma outra pessoa, que estaria atrás dele, motivado pela polarização política no país, quem "extrapolou e desferiu um xingamento ao sr. Gilberto Gil".
"Inobstante a minha divergência aos ideais políticos do sr. Gilberto Gil, reitero o mais absoluto respeito que tenho ao nobre artista, porém, deixo claro novamente que a ofensa/xingamento não foi por mim proferida", afirmou o empresário na rede social.
Segundo o UOL, o pronunciamento compartilhado no Twitter é verdadeiro, apesar de o perfil não conter imagens e não ter feito outras publicações na rede social.
Lemache é sócio de diversas filiais das redes Domino's Pizza e Spoleto espalhadas pelo Rio de Janeiro.
Em sua página no Facebook, ele já fez comentários contrários ao PT, o partido de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi apoiado por Gil e saiu vencedor da eleição deste ano. Em 2018, pediu "PT nunca mais" e publicou que "quando o seu ódio pelo Bolsonaro é maior do que seu ódio pela corrupção, o problema não está nos políticos, está em você".
Este ano, na noite da votação do segundo turno da eleição, Ranier escreveu que "o Brasil é maior que a nossa divisão política. Que possamos ter paz e harmonia nos próximos anos. Deus acima de tudo. Empatia para todos!!!".
O vídeo com os ataques a Gilberto e Flora Gil foi gravado na última quinta (24), no estádio Lusail, no Qatar, quando eles estavam caminhando em um corredor para assistir à partida entre Brasil e Sérvia pela Copa do Mundo. O casal estava acompanhado da empresária Lilibeth Monteiro de Carvalho."Vamo, Lei Rouanet", gritou um dos homens no vídeo. Após ouvir a provocação, Gil, Flora e Monteiro de Carvalho pararam por alguns segundos e depois seguiram caminhando. É possível ouvir vozes mencionando o nome de Bolsonaro, e falando palavrões em direção ao cantor, que não reagiu.
Também vestido com a camisa da seleção, outro torcedor abordou Gil e fez um selfie enquanto o grupo ouvia as ofensas.
Em postagens de protesto contra a atitude dos torcedores que ofenderam o casal, Lula e vários de seus aliados compartilharam o vídeo mostrando o momento e pediram que os responsáveis sejam identificados e punidos. Artistas como Caetano Veloso, parceiro e amigo de Gil, também se pronunciaram em solidariedade ao músico.
Gil depois fez um vídeo comentando os ataques. "Nossos agradecimentos, meu e da Flora, enfim por essa solidariedade diante dessa agressão, dessa coisa estúpida", ele disse.
O cantor também afirmou que a situação pela qual passou é o terceiro turno de eleitores inconformados que perpetuam mais um capítulo "dessa sequência de ódio que é o que eles gostam de fazer".
Ex-ministro da Cultura no governo Lula, Gil apoiou a eleição do ex-presidente para o terceiro mandato.