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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Levantamento da Mosaico (plataforma que controla os sites de comparação de preços Buscapé e Zoom) para a Folha de S.Paulo aponta que a Cyber Monday -a segunda-feira que vem na sequência da Black Friday, usada para impulsionar a venda online- conseguiu atrair mais atenção para eletrodomésticos, como geladeiras, lavadoras de roupas e fogões, do que para eletrônicos.
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De acordo com o ranking das 10 principais categorias mais buscadas nesta segunda-feira (28), smartphone e TV repetem a liderança em relação à data do ano passado. A categoria smartphone e celulares, no entanto, registrou queda de 2% nesta Cyber Monday, enquanto a busca por TVs cresceu 9% -número bem melhor que o desempenho da própria sexta-feira, quando caiu 21,7% sobre a Black Friday do ano passado (considerando o período da meia-noite às 16h do dia 25).
O grande destaque ficou com os eletrodomésticos: alta de 36% em geladeiras, 47% em lavadoras de roupas e em 42% em fritadeiras elétricas (air fryer). O crescimento desta última categoria, que ganha espaço com a proposta de unir praticidade e saúde, pode explicar, em parte, a queda nas vendas de fogões (-28%). Além disso, durante a pandemia, muita gente começou a cozinhar em casa -uma atividade que vem perdendo espaço com a volta ao trabalho presencial.
O principal recuo do período foi observado em notebooks (queda de 30% em relação a 2021), também possivelmente por conta da volta do trabalho presencial. Mesmo motivo pode ter levado à queda nas buscas por ar-condicionado (-11%) este ano.
A maior participação dos sites de comparação de preços nas compras da Black Friday deste ano foi apontada em pesquisa do Reclame Aqui, realizada com 13.700 usuários este mês: a compra por meio dos comparadores de preços (21%) era a segunda principal opção de consumo, só atrás das compras feitas no site das marcas (36%). No levantamento do ano passado, 14% disseram que iriam usar os sites de comparação de preços.
A Cyber Monday deste ano, no entanto, assim como a própria Black Friday, foi eclipsada pela Copa do Mundo: o Brasil fez sua estreia no tormeio do Catar no último dia 24, véspera da Black Friday, e hoje realizou a sua segunda participação, ao marcar 1 a 0 contra a Suíça.
A Abcomm (Associação Brasileira da Comércio Eletrônico) informou que ainda não possui números fechados sobre as vendas da Cyber Monday, mas que, devido ao jogo do Brasil, o comportamento das compras deveria ser mais baixo que o de costume.
Desde que a Black Friday começou a ser promovida no Brasil, em 2010, este foi o primeiro ano que o evento registrou queda nas vendas em relação ao ano anterior. Em 2021, segundo levantamento da Clearsale/Neotrust, as vendas na sexta-feira atingiram R$ 4,3 bilhões e, neste ano, caíram 28%, para R$ 3,1 bilhões, enquanto o número de pedidos recuou 24%, para 4,5 milhões.
O consumidor tem menos crédito disponível e o varejo não apostou em promoções atraentes. "As vendas online arrefeceram neste ano porque as empresas estão muito menos agressivas em políticas de frete, desconto e parcelamento. Não estão buscando venda a qualquer preço", disse o consultor em varejo Alberto Serrentino, da Varese Retail.
Para Eugênio Foganholo, sócio da consultoria Mixxer Desenvolvimento Empresarial, a Black Friday deste ano escancarou a incapacidade de consumo do brasileiro. "É verdade que a Copa na mesma data acabou jogando contra. Mas o nível de emprego está apenas razoável, enquanto a massa salarial está em queda", afirmou.
RECLAMAÇÕES DIMINUÍRAM 1,9% NA BLACK FRIDAY 2022
Se as vendas caíram, as reclamações também diminuíram. Segundo balanço do Reclame Aqui, considerando queixas registradas desde as 12h da quarta-feira (23), até as 23h59 de sexta (25), foram 10.093 reclamações. Já até o final de domingo, a soma atingiu 15.889 queixas envolvendo produtos e serviços na Black Friday.
O número representa uma leve queda de 1,9% em relação a 2021, quando foram registradas 16.200 reclamações sobre a data.
A categoria de smartphones (a mais buscada, segundo a Mosaico) ocupou a primeira posição entre as mais reclamadas, com participação de 7,91%, de acordo com o Reclame Aqui. Na sequência, veio moda feminina, com 7,01% das queixas.
Em 2021, segundo o site de reclamações, smartphone foi a categoria mais reclamada, mas moda feminina estava em 7º no lugar no ranking. Mais um sinal de volta ao trabalho presencial como fator de mudança nas prioridades de compras.