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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgou um vídeo para explicar a sua ida ao Qatar durante a Copa do Mundo.
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Segundo o parlamentar, amplamente criticado por bolsonaristas e pela oposição após ter sido flagrado no jogo do Brasil nesta segunda-feira (28), a viagem ocorreu para levar vídeos, em inglês e dentro pen drives, "explicando a situação do Brasil".
Apoiadores do presidente, que realizam protestos golpistas, inclusive na frente de quartéis do Exército, contra o resultado das eleições desde 30 de outubro, reclamaram que o político está "curtindo a vida".
Eduardo foi flagrado pela transmissão ao vivo do streamer Casimiro Miguel posando para fotos com a sua esposa, Heloísa Bolsonaro.
"Nesses pen drives aqui têm vídeos, em inglês, explicando a situação do Brasil. Eu espero que você não creia que aqui no Qatar só se fale em copa do mundo. Só para lembrar para você que a Fifa tem mais membros do que as Nações Unidas.
A imprensa inteira está aqui. É por isso que a esquerda faz tanto esforço e até projeto de lei para criminalizar quem fale algumas verdades na cara, né, de outros brasileiros que têm esperança de voltar às tetas da Lei Rouanet e etc", disse o deputado.
No vídeo, com duração de 1 minuto e 11 segundos, o deputado continua atacando a esquerda após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O político não deu mais detalhes sobre qual seria "a situação do Brasil" relatada nesses vídeos.
"E outra coisa, toma cuidado. A esquerda não está preocupada com a tua segurança, nem com a economia. Então, por que você vai cerrar fileira com esses caras? Será que você não consegue imaginar um pouquinho do que está por trás disso? Será que você não consegue perceber a importância da comunicação internacional? Será que a gente vai ter que perder um dos pouquíssimos acessos que nós temos?", prosseguiu.
E finalizou: "Pensa um pouquinho sobre isso, tá? Antes de bater palma porque eu apareci no Jornal Nacional, beleza? Um abraço a vocês, fiquem com Deus. Seguimos". Na segunda, o telejornal, da TV Globo, fez uma reportagem sobre a Copa e mostrou a presença do filho do presidente no evento.
Nesta terça (29, Eduardo publicou fotos ao lado de Tamin bin Hamad bin Khalifa Al Thani, líder do Qatar.
"Mesmo com pouco tempo ele teve a humildade para receber um não presidente. Obrigado, Sheik", escreveu.
A aparição repentina de Eduardo na Copa, em meio ao longo período de reclusão do clã Bolsonaro após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), irritou os bolsonaristas mais radicais, que estão acampados em áreas militares de algumas cidades do Brasil, como São Paulo e Brasília.
Apesar da revolta, também surgiram em grupos mensagens conspiracionistas de confiança no filho do presidente. Ele estaria no Qatar não apenas para assistir aos jogos, mas por alguma motivação política oculta, segundo sugeriu uma integrante de um grupo de "resistência civil".
Desde a derrota de Bolsonaro, vários grupos de conversa compartilham vídeos e trocam mensagens motivacionais diárias para a permanência nas ruas. Há pessoas acampadas há quase um mês, como no caso do Comando Militar do Sudeste, próximo ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Alguns grupos de Telegram e de WhatsApp foram derrubados por ordem de Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas eles se realinham em outros espaços, com nomes não relacionados aos atos antidemocráticos.
Entre as principais recomendações dos grupos está a de não falar o nome de Bolsonaro nos atos. O silêncio do presidente também é interpretado como apoio à pauta.
Fora dos grupos bolsonaristas também houve críticas e ironias à presença de Eduardo na Copa.
"Não percam a fé, pessoal! Mais 72h! Fiquem na frente do quartel aí mais um pouquinho! Bananinha tá lá no Catar na Copa mandando energia positiva e todo o apoio! PS.: Contém ironia", escreveu o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) em rede social.
"Enquanto deixa seus militantes golpistas tomando chuva na frente de Quartel, Bananinha está vendo a Copa no Qatar... Hipocrisia é pouco!", afirmou Guilherme Boulos, deputado federal eleito pelo PSOL.