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(FOLHAPRESS) -Em entrevista ao jornalista Roberto d´Ávila, na Globonews, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que lamenta ter reagido com a frase "perdeu mané, não amola" após três dias de hostilidades por parte de bolsonaristas em Nova York.
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Ele lamenta, mas não se arrepende. A reação, no dia 15, é atribuída pelo ministro a um momento de perda de paciência com as "hordas de pessoas seguindo e xingando dos piores nomes possíveis".
Barroso estava em Nova York para um encontro do Lide, o grupo empresarial fundado pelo ex-governador paulista João Doria. Ele entrava no Harvard Club com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, quando teve a reação.
"O problema é que nas raras vezes em que eu perco a paciência, sai em rede nacional", disse o ministro na entrevista desta terça-feira (29).
Barroso afirmou que é "meio zen", espiritualizado e costuma meditar, mas no dia do "perdeu, mané" estava particularmente exasperado por causa de ameaças e grosserias recebidas pela filha no celular.
"Falei a linguagem das pessoas que estavam lá", disse Barroso a Ávila. "Eu lamento, para falar a verdade, que tenha acontecido. Mas não me arrependo não".
A falta de civilidade dos últimos anos no Brasil também foi tema da entrevista. Para o ministro, falta capacidade de tratar o outro com respeito e tolerância em relação às divergências.
Ele criticou também a criação de narrativas falsas ao invés de as pessoas "colocarem as ideias na mesa" e citou a existência de uma compulsão por desqualificar o outro.
"Mentir precisa voltar ser errado. Existe uma fagulha divina na verdade, na sinceridade, na integridade. E algumas pessoas que falam muito em Deus precisam relembrar isso", afirmou.
Na conversa, Barroso criticou os atos antidemocráticos realizados por manifestantes que não aceitam o resultado da vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República.
Ele chamou os pedidos de golpe de atraso civilizatório. "E nós já superamos os ciclos do atraso e eu espero que uma luz espiritual possa iluminar essas pessoas e fazer com que elas voltem à realidade e cessem as agressões, as violências e os pedidos de golpe. Não é assim que funciona a democracia."
Barroso não acredita na adesão dos militares às teses golpistas e avalia que não vieram "notícias ruins" dos quartéis após a redemocratização do país.