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O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da operação Lava Jato em Curitiba, esteve presente em um “jantar debate” do LIDE (Grupo de Líderes Empresariais), do pré-candidato à prefeitura de São Paulo, João Doria, em Curitiba, nesta quarta (9). A presença de Sergio Moro em mais um evento organizado por João Doria pode ser encarada de diversas formas para os que acompanham o desenrolar das investigações no esquema de corrupção na Petrobras.
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Num momento onde os ânimos estão exaltados na política brasileira, é preferível que o magristrado preserve sua imagem nos eventos ligados aos investigados e a oposição para não dar nenhuma conotação partidária. Durante o evento de Doria, na noite de ontem, Moro proferiu palestra sobre "empresas e corrupção".
Ele defendeu que a operação Lava Jato não é a responsável pela atual crise econômica no Brasil. "As investigações têm sofrido acirrados ataques. Houve até quem atribuiu a Lava Jato à recessão atual", afirmou Moro. "Fico consternado com esse quadro econômico, de recessão e desemprego. Acredito que a culpa não é da Lava Jato.", declarou o magistrado, durante palestra no evento.
O juiz disse esperar que as manifestações previstas para o domingo sejam pacíficas.
O que Moro esqueceu foi que, em uma matéria publicada no dia 13 de Setembro, pelo jornal Folha de S. Paulo, foi revelado que a gestão do governador tucano Geraldo Alckmin pagou R$ 1,5 milhão ao empresário por anúncios veiculados em sete revistas da Doria Editora, entre 2014 e abril deste ano.
Um dos pagamentos, segundo a reportagem, totalizou R$ 501 mil por um publieditorial – formato em que o anúncio é semelhante a uma reportagem – de nove páginas na revista “Caviar Lifestyle”. Ainda de acordo com a Folha, “há casos em que os valores pagos pelo governo foram proporcionalmente maiores em anúncios da editora do que em revistas consolidadas”.
É importante ressaltar que não existe nenhum impedimento para um magistrado participar de qualquer reunião ou debate. No entanto, a liturgia do cargo recomenda que, em muitos casos, é preferível ficar ausente. O conselho que ecoa nos bastidores é que o juiz ganharia mais se estivesse a estudar os processos da operação em curso.