Aplicativos locais são opção de transporte em cidades menores

Em cidades pequenas ou afastadas dos grandes centros, por exemplo, já são comuns empresas regionais que tomam emprestado e adaptam para a realidade local o modelo das gigantes Uber e 99 utilizado nas cidades maiores.

© Takahiro Taguchi / Unsplash

Economia Aplicativo 11/12/22 POR Folhapress

CALEBE SOUZASÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Novos modelos de aplicativos para transporte de passageiros, sistemas de assinatura e a possibilidade de compartilhamento de veículos vêm se tornando cada vez mais comuns nas cidades brasileiras, ampliando as opções de mobilidade urbana.

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Em cidades pequenas ou afastadas dos grandes centros, por exemplo, já são comuns empresas regionais que tomam emprestado e adaptam para a realidade local o modelo das gigantes Uber e 99 utilizado nas cidades maiores.

Entre elas está a Urbano Norte, que atua em cem cidades na região Norte e realiza, em média, 2,5 milhões de viagens por mês. Para efeito de comparação, a 99 atende 1.600 municípios e tem 20 milhões de usuários. Fundada em Porto Velho (RO) em 2018, a Urbano Norte planeja expandir a operação para cidades maiores, além de capitais de outros estados.

De acordo com Pascoal Cahulla, diretor de operações da empresa, a cobrança de uma taxa mensal é um dos pontos que a diferencia das concorrentes.

"Entregamos aos motoristas o melhor custo-benefício do mercado. O acesso à plataforma se dá com o pagamento de uma taxa mensal, na contramão do trabalho desenvolvido pelas multinacionais."

As mensalidades pagas pelos motoristas variam de acordo com o local da operação, mas, Em média, começam entre R$ 100 e R$ 500. O valor das corridas é repassado integralmente ao motorista.

Atuando nas regiões Nordeste e Sudeste, a Ubiz Car está em 26 cidades de 7 estados, com média mensal de 200 mil passageiros. Seu foco são os municípios pequenos e médios. "Atualmente estamos em cidades com populações entre 60 mil e 250 mil habitantes, mas nossa expectativa é expandir para cidades maiores", disse o co-CEO, Alécio Cavalcanti.

A empresa, que nasceu no Piauí, oferece ao passageiro a possibilidade de pedir um carro por meio de uma central telefônica ou por aplicativo.

Segundo a companhia, o motorista tem descontado de cada corrida um valor. A taxa varia de cidade para cidade e é calculada a partir de um estudo que analisa o custo do condutor em cada viagem. O passageiro pode o pagar diretamente com o motorista, com cartão, dinheiro ou Pix.

As concorrentes, Uber e 99 aceitam cartões de débito, crédito e carteiras digitais como forma de pagamento no aplicativo, incluído pagamento em dinheiro direto ao condutor. Quanto a municípios atendidos, a Uber está em 100 cidades em todo o país.

Além da regionalização, o mercado de aplicativos apresenta mudanças na forma de pagamento. A InDrive, por exemplo, surgiu na Rússia e chegou de forma discreta ao Brasil em 2018 para competir com Uber e 99.

Seu diferencial é a relação direta entre motorista e passageiro na hora de fechar o valor da viagem –quem pede um carro do aplicativo dá um "lance", informando quanto gostaria de pagar pelo trajeto. O motorista pode fazer contrapropostas e tem mais autonomia –pode recusar corridas que não lhe forem vantajosas. O InDrive aceita dinheiro, Pix ou cartão.

Alexandre Donofreo, 42, é motorista de aplicativo há seis anos e há um ano e meio está na InDrive. "Fiquei por conta das taxas mais baixas cobradas por corrida, por volta de 10%, e pelo fato de poder escolher as viagens. Na madrugada, por exemplo, podemos dobrar o valor e fica a critério do passageiro escolher."

Segundo Donofreo, em seis horas ele recebe o valor que levaria o dia inteiro na concorrência.

Além dos aplicativos de transporte, o modelo de assinatura de veículos se apresenta como alternativa ao carro próprio. Levantamento da Similarweb, plataforma de análise de dados de mercado, aponta que a busca por esse tipo de serviço cresceu 56,5% no início de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020.

Naquele ano, houve 7 milhões de visitas a 152 sites especializados no serviço e, em 2021, 12 milhões. De olho nessa demanda, a Localiza criou, em setembro de 2021, o Meoo, serviço de assinatura no qual o cliente escolhe o carro, o período de permanência com o veículo ou ainda quanto pretende rodar por mês.

Para Glauco Zebral, diretor do Localiza Meoo, a boa aceitação dos consumidores marca uma mudança de hábito dos brasileiros. "Com esse modelo, basta o cliente assinar e o dinheiro que seria usado na compra do veículo pode ser investido em outro sonho", diz.Outro modelo já comum na Europa, mas que ainda está começando no Brasil, é o compartilhamento de veículos. A Velo-City opera no Rio de Janeiro e disponibiliza pelo aplicativo carros que ficam estacionados em condomínios ou vias públicas.

Atualmente a frota é composta por 20 carros, incluindo Onix, Jeep Renegade, C4 Cactus e um Mini Cooper elétrico. Os veículos têm seguro para avarias e danos de terceiros, cabendo ao motorista os custos da franquia. Para utilizar o carro é necessário fazer um cadastro e, em caso de aprovação, o veículo é liberado.

O valor inicial da locação do Onix, por exemplo, é de R$ 0,15 centavos o minuto em stand by ou R$ 0,95 com o motor ligado, incluindo o combustível. O Mini Cooper elétrico é o mais caro, com valor inicial de R$ 2,99 o minuto.

Se o cliente usar o Onix por quatro horas, pagará R$ 228; caso opte pelo Mini Cooper, R$ 645, em ambos os casos está incluso o combustível. A empresa planeja expandir a área de atuação e também começar a oferecer o aluguel de bicicletas e motos.

A publicitária, Eliza Santos, 46, usa a Velo-City desde junho de 2021. "Para viagens e fim de semana, utilizo os serviços de locação dos carros, o que me traz maior conforto". Ela tinha automóvel próprio, mas preferiu vendê-lo devido aos custos.

"Antes eu tinha um carro caro, com seguro e IPVA altos. Hoje, alugando, além de me sentir contribuindo com a questão da sustentabilidade, economizo bastante", concluiu. No dia a dia, ela, que mora perto do trabalho, se locomove numa scooter elétrica.

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