Sob Lula, Conab promete retomar estoques de alimentos contra a inflação

"Durante o último governo, essas políticas foram abandonadas e isso contribuiu enormemente para o aumento do preço dos produtos da cesta básica", disse Edeger Pretto (PT-RS)

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Economia Agricultura 07/01/23 POR Folhapress

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O deputado estadual Edeger Pretto (PT-RS) foi anunciado nesta sexta-feira (6) para a presidência da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e afirmou que a empresa vai retomar os estoques públicos de alimentos para combater a fome e estabilizar os preços.

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"Durante o último governo, essas políticas foram abandonadas e isso contribuiu enormemente para o aumento do preço dos produtos da cesta básica. Nós temos que enfrentar a inflação dos alimentos. Nós precisamos dar fim a essa lógica de que boa parte dos trabalhadores brasileiros estão se endividando para comprar comida", disse.

Os estoques públicos de alimentos já são atribuição da Conab, mas foram praticamente esvaziados no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Nosso governo trabalhou na seguinte lógica. Quando o preço dos produtos caía muito, a Conab comprava. Trigo, arroz, feijão, entre outros produtos, para que o agricultor que estivesse produzindo não tivesse um prejuízo tão grande", relembrou Pretto.

"Da mesma forma, esses alimentos eram estocados para que, quando os preços subissem, o governo colocasse no mercado, fazendo baixar os preços. Assim todos ganhavam", completou, dizendo que o governo precisa dizer em alto e bom som que será o maior cliente da agricultura familiar.

Com a recriação do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), a companhia virou motivo de disputa entre o titular da pasta, Paulo Teixeira (PT-SP), e o Mapa (Ministério da Agricultura), comandado por Carlos Fávaro (PSD-MT).

Assim que teve o nome anunciado para a Agricultura, Fávaro afirmou à Folha de S.Paulo que a Conab ficaria sob o guarda-chuva do MDA "momentaneamente", mas que defenderia a transformação da empresa em uma agência de informação que pudesse abastecer todos os ministérios.

Teixeira, por outro lado, rebateu a ideia de "gestão compartilhada" ao tomar posse. Nesta sexta, o ministro do Desenvolvimento Agrário afirmou que conversou com Fávaro na véspera, e disse que o assunto estava pacificado.

"Ontem conversamos sobre a ideia de ter uma grande área voltada para a inteligência da agricultura. [Com] capacidade de prever o tamanho da safra, os fenômenos climáticos", afirmou Teixeira sobre a ideia do ministro da Agricultura.

"Ali [Conab] vai ter uma área de inteligência, mas também voltada para a agricultura, para o agronegócio, para a regulação de estoques. Queremos uma Conab forte, com bom diálogo entre Agricultura e MDA para que possamos dar resposta à população brasileira."

O ministro disse que o governo federal ainda está preparando o plano de combate à fome, e não deu detalhes sobre os alimentos que serão adquiridos. Teixeira também não esclareceu se a companhia fará estoques de carne.

Especialistas se dividem sobre os estoques reguladores de alimentos, que foram reduzidos nos últimos anos e que têm como objetivo aumentar a oferta de produtos em períodos de alta dos preços.

A economista e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Carla Beni defendeu a retomada dos estoques da Conab. Ela afirmou que o preço dos alimentos nos últimos dois anos foi duramente afetado pela pandemia e pela Guerra da Ucrânia, com falta de insumos e aumento no preço das commodities.

"A retomada da Conab é muito importante porque ela faz o estoque regulador e garante a compra do pequeno e do médio produtor. Isso faz com que você consiga atenuar períodos de aumento de preços para que, na mesa do brasileiro, você tenha oscilação menor nos itens básicos consumidos na alimentação diária", disse.

"Os estoques são uma política importante de estabilização do fornecimento [...]. Trariam mais regularidade, mas é preciso investir em armazenagem, silos, transporte", disse Fábio Astrauskas, da Siegen Consultoria, em entrevista recente.

André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da FGV), disse que a formação de estoques "não faz milagres e só diminui a volatilidade" dos preços. "Eles são bem-vindos? São muito bem-vindos. Mas não fazem milagre se os preços dos insumos subirem muito", afirmou, também em entrevista recente.

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