© Grzegorz Galazka/Archivio Grzegorz Galazka/Mondadori Portfolio via Getty Images
O papa reconheceu ainda que os bispos católicos em algumas partes do mundo apoiam leis que criminalizam a homossexualidade ou discriminam a comunidade LGBTQ, chamando a homossexualidade de "pecado". No entanto, ele atribuiu essas atitudes a contextos culturais e disse que os bispos em particular também devem passar por um processo de mudança para reconhecer a dignidade de todos.
"O bispo também tem um processo de conversão", disse ele, acrescentando que devem mostrar "ternura, por favor, ternura, como Deus tem com cada um de nós."
Cerca de 67 países ou jurisdições em todo o mundo criminalizam relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, e 11 deles podem ou carregam a pena de morte, de acordo com o The Human Dignity Trust, que está trabalhando para acabar com essas leis.
Especialistas apontam que mesmo quando as leis não são cumpridas, elas contribuem para o assédio, estigma e violência contra pessoas LGBT+.
Francisco disse ainda, durante a entrevista, que quando se trata de homossexualidade, uma distinção deve ser feita entre crime e pecado. "Ser homossexual não é crime", disse ele. "Não é crime. Sim, mas é pecado. Bem, primeiro vamos distinguir pecado de crime. Mas a falta de caridade para com o próximo também é pecado", afirmou o pontífice.
A doutrina católica indica que, embora os homossexuais devam ser tratados com respeito, os atos homossexuais são "intrinsecamente desordenados". Francisco não mudou essa posição, embora tenha feito do alcance da comunidade LGBT+ uma das características de seu papado.
Nos Estados Unidos, mais de uma dúzia de Estados ainda têm leis contra a sodomia em suas legislações, apesar de uma decisão da Suprema Corte de 2003 que as declarou inconstitucionais. Os defensores dos direitos LGBT+ dizem que essas leis desatualizadas estão sendo usadas para assediar homossexuais e apontam para novas regras como a chamada regra Don't Say Gay na Flórida, que proíbe orientação sexual e educação de identidade de gênero entre o jardim de infância e a terceira série, como evidência dos esforços contínuos para marginalizar as pessoas LGBT+.
As Nações Unidas têm repetidamente pedido o abandono das leis que criminalizam a homossexualidade e afirmam que elas violam os direitos à privacidade e à liberdade contra a discriminação, além de descumprirem as obrigações desses países sob o direito internacional de proteger os direitos humanos de todos, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Francisco declarou ainda que essas regras são "injustas" e disse que a Igreja Católica pode e deve trabalhar para acabar com elas. "Eles precisam, eles precisam", disse ele.
Francisco citou o catecismo da Igreja Católica para apontar que os homossexuais devem ser acolhidos e respeitados, e não devem ser marginalizados ou discriminados. "Somos todos filhos de Deus e Deus nos ama como somos e com a força que cada um de nós luta por nossa dignidade", disse Francisco, que falou à AP no hotel do Vaticano onde mora.
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