© Marcos Oliveira / Agência Senado
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em sua primeira comunicação com os empregados após assumir a presidência da Petrobras, Jean Paul Prates reforçou a ideia de que a gestão petista será mais focada no papel da empresa como indutora de desenvolvimento do que na remuneração aos acionistas.
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"A indústria de petróleo é intensiva em capital e na geração de empregos, devendo ser uma locomotiva do desenvolvimento do Brasil", afirmou. "Queremos uma Petrobras que se orgulhe de ser grande e de impulsionar todas as regiões e negócios onde atue."
O discurso segue linha bem diferente da adotada pelos presidentes da companhia durante o governo Jair Bolsonaro: "O relevante é ser forte e não ser gigante", disse em sua posse o primeiro dos quatro indicados por Bolsonaro à empresa, Roberto Castello Branco.
O terceiro governo Lula já vinha indicando desde a campanha que faria mudanças na estratégia da empresa, retomando investimentos em áreas abandonadas por gestões anteriores e dando menos atenção à remuneração aos acionistas.
Desde a eleição, esse discurso tem impactado no apetite de investidores pela estatal, que derrubaram o valor de mercado da companhia. Nesta quinta, após a confirmação de Prates pelo conselho de administração, as ações da Petrobras caíram mais 2,7%.
Em relatório no qual explica porque passou a preferir a petroleira privada PRio à Petrobras, a Ativa Corretora cita uma "nova e menos robusta política de dividendos". "Com a formação de um novo conselho, esperamos que a companhia revise sua política de proventos ainda em 2023", diz.
"Não existe geração de valor sem cuidar das pessoas e sem pensar em nosso impacto no mundo", defendeu Prates, em vídeo distribuído aos empregados da companhia. Ele não citou especificamente mudanças nos dividendos e nem falou em política de preços, outra preocupação dos analistas.
Mas reforçou que a companhia deve ampliar investimentos para fora do pré-sal, que foi o principal foco dos últimos anos, e que voltará ao segmento de geração de energia, com uma visão voltada à transição energética.
"Mitigar a mudança do clima é demanda global necessária e urgente", afirmou. "O porte e a trajetória da Petrobras fazem com que ela ocupe naturalmente um papel de grande impulsionadora da transição energética do Brasil."
Entre os focos de investimento, ele citou energias renováveis, combustíveis mais sustentáveis e a exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, uma das principais apostas do setor, que hoje ainda enfrenta fortes restrições ambientais.
Citou também o campo de gás de Urucu, na Amazônia, que havia sido colocado à venda durante o governo Bolsonaro. O negócio chegou a se acertado com a Eneva, mas não foi concluído.
No discurso, Prates fez questão de citar todas as regiões brasileiras como alvos de investimentos, revertendo uma estratégia de concentrar a atuação da companhia no Sudeste e no Centro-Oeste, iniciada na gestão Castello Branco.
"Queremos que a Petrobras cresça e que o país cresça com ela, porque todos nós sabemos que essa companhia tem efeito multiplicador na economia brasileira", afirmou o novo presidente da estatal.