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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que é preciso garantir à sociedade brasileira que a "disseminação do ódio acabou" no país. O petista também criticou os atos golpistas que ocorreram em Brasília no último dia 8 de janeiro e disse que isso não voltará a acontecer no país.
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"Precisamos mostrar ao povo brasileiro que o que aconteceu no dia 8 de janeiro não voltará a acontecer, porque não é próprio da democracia aquela manifestação, aquela barbárie que foi feita aqui no dia 8", afirmou.
As declarações de Lula foram dadas no começo de reunião com governadores que ocorre na manhã desta sexta-feira (27) no Palácio do Planalto.
"Vamos recuperar a democracia nesse país. A essencialidade da democracia é a gente falar o que quer, desde que a gente não obstrua o direito do outro falar. A gente pode fazer o que quer, desde que não adentre o espaço de outras pessoas."
Em sua fala, Lula também disse que os políticos têm culpa pela judicialização da política. "Tenho pedido aos meus amigos líderes dos partidos que é preciso parar de judicializar a política. Nós temos culpa de tanta judicialização", afirmou.
"A gente perde uma coisa no Congresso Nacional e, ao invés de aceitar a regra do jogo democrático em que a maioria vence e a minoria cumpre aquilo que foi aprovado, a gente recorre a outra instância para ver se a gente consegue ganhar", disse.
"É preciso parar com esse método de fazer política, porque isso faz efetivamente que o Judiciário adentre ao Poder Legislativo e fique legislando no lugar do próprio Congresso Nacional", continuou.
A prática agora condenada por Lula, porém, foi um dos principais instrumentos do PT e dos partidos de oposição ao mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula afirmou ainda que pretende manter boa relação com os governadores, independentemente do partido político que cada um pertença e que não terá eles como inimigos.
"Em cada estado que eu for, eu irei visitar o gabinete do governador. A não ser que ele não queira. Se não quiser eu não posso fazer nada, não tenho como entrar, não vou fazer que nem os terroristas e invadir o gabinete do governador. Mas eu não quero chegar no estado e ter o governador como inimigo porque ele pertence a outro partido político ou porque ele votou em fulano, beltrano."
O encontro é uma promessa de campanha do petista, que defende "restabelecer o pacto federativo", em contraposição à relação belicosa mantida por seu antecessor com os governadores.
Em diferentes ocasiões, Bolsonaro culpou os estados pelos mais variados problemas, desde a alta nos combustíveis até os atrasos na vacinação da população contra a Covid-19.
Lula afirmou ainda nesta sexta que um dos papéis que acredita que poderá cumprir é o de tornar a política brasileira "mais civilizada, mais humanista, mais democrática e muito mais solidária". Disse também que é importante transformar a política "numa arte, numa cultura civilizada" para passar essa mensagem à sociedade e acabar com "ofensas que muita gente sofre em aeroportos, shoppings e restaurantes".
"Da minha parte quero que os governadores saibam que a porta do gabinete estará aberta, o telefone estará pronto para atender qualquer demanda", continuou o presidente.
"E que nenhum governador tenha qualquer preocupação, qualquer cisma de telefonar para falar bem do presidente. Não, precisa telefonar para cobrar do presidente aquilo que o governador entende que deva cobrar. Se a gente vai poder atender ou não, aí é outros 500", disse ainda.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, o pagamento de uma compensação pela União aos estados devido às perdas na arrecadação com a mudança no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis deve ser um dos principais itens da reunião.
No encontro, também serão discutidos projetos prioritários de cada estado e região. Temas como conclusão de duplicação de rodovias federais, retomada de obras inacabadas e ações relacionadas à saúde, à segurança pública, à educação e ao combate à fome e à miséria também deverão ser discutidos.
Esse é o segundo encontro entre o presidente e os governadores. O primeiro ocorreu no começo do mês, um dia após os atos de vandalismo promovidos por manifestantes golpistas nas sedes dos três Poderes, em Brasília. No dia, alguns governadores desceram a rampa do Palácio do Planalto ao lado de Lula em direção ao STF, em gesto de grande simbologia.