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Nesta última, no dia 20 de janeiro, o governo federal declarou emergência em saúde pública após identificar alta de casos de malária, desnutrição infantil e problemas de abastecimento. A situação está ligada ao aumento desenfreado do garimpo ilegal na região e à falta de assistência. As imagens de indígenas magros e abatidos, entre eles várias crianças, chamaram a atenção nas redes sociais e na comunidade internacional. Mais de mil Yanomamis precisaram ser resgatados, muitos em estado grave
A pesquisa foi publicada na revista científica Remote Sensing e revela o que está por trás desse desastre humanitário. O estudo utiliza dados dos sistemas Prodes e Deter, do Inpe, e do MapBiomas, plataforma que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia.
De acordo com a pesquisa, a área da Amazônia Legal "enfrenta um boom de desmatamento desde 2019, principalmente associado ao enfraquecimento das leis ambientais que ocorrem no Brasil". Ou seja, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo governo é constantemente associado ao desmonte dos órgãos de combate e controle dos crimes ambientais e estímulo às práticas ilegais. Na última semana, a Polícia Federal passou a investigar a responsabilidade sobre a situação dos Yanomamis. O genocídio é um dos crimes considerados.
Os pesquisadores também destacam que a taxa média anual de desmatamento nas TIs da Amazônia Legal nos últimos três anos ficou 81% acima da taxa média anual do período de 2012 a 2021. "Os principais impulsionadores do desmatamento estão relacionados ao abastecimento dos mercados globais de gado, colheitas e madeira e às demandas locais por colheitas de alimentos. Além disso, as redes de expansão rodoviária e abastecimento do setor de mineração também impulsionam o desmatamento", afirma o estudo.
No garimpo, a maior parte da mineração nas TIs, em 2020, (99,5%) estava relacionada à extração de ouro. Mais uma vez, a ação do Executivo e do Legislativo brasileiros revela interferência nesse processo. Os pesquisadores destacam que a existência de projetos de lei que tramitam no Parlamento brasileiro visam abrir as TIs para projetos de mineração e o número de solicitações de permissões de mineradoras para prospectar dentro de TIs passa de 2.600 na Agência Nacional de Mineração do Brasil.
"Esta é uma grave ameaça aos povos indígenas que habitam as TIs, principalmente os isolados. As ameaças mais comuns associadas à atividade mineradora aos povos indígenas são episódios de violência e conflitos fundiários, degradação de mananciais e poluição dos ecossistemas aquáticos e terrestres. Essas ameaças são, direta e indiretamente, prejudiciais à saúde humana", concluem os pesquisadores.
Mortalidade entre os Yanomamis
Dados compilados pelo Ministério Público Federal (MPF) em Roraima apontam que a taxa de mortalidade infantil entre os Yanomamis chega a ser seis vez maior do que o do Brasil e é comparável ao índice de países da África Subsaariana - que reúnem os piores números do ranking da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a liderança Yanomami Dário Kopenawa, filho do xamã e intelectual Davi Kopenawa, o cenário é de desolação na maior reserva indígena do Brasil. "Somos abandonados. Já alertamos há muitos anos sobre essa crise humanitária e de saúde", afirmou ao Estadão. Segundo ele, é visível o recente aumento nas mortes infantis por desnutrição e malária, além da falta de remédios.
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