Espanha oferece nacionalidade a ex-presos políticos deportados da Nicarágua

A ditadura de Manágua retirou a nacionalidade dos opositores por considerá-los traidores

© iStock

Mundo Espanha 10/02/23 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo da Espanha ofereceu nacionalidade aos mais de 200 ex-presos políticos da Nicarágua libertados e deportados aos EUA pelo regime de Daniel Ortega nesta quinta (9). A ditadura de Manágua retirou a nacionalidade dos opositores por considerá-los traidores.

PUB

De acordo com o chanceler espanhol, José Manuel Albares, a oferta já está em vigor e Madri entrará em contato com os nicaraguenses. A naturalização se dará pelo procedimento conhecido como carta de natureza, mais ágil por não estar sujeito às burocracias padrões.

Em uma decisão inesperada, a Nicarágua libertou 222 dos 245 presos políticos que mantinha em suas cadeias desde que Ortega endureceu o regime, após os protestos contra uma reforma da Previdência em 2018. Entre os libertos estão Cristiana Chamorro, pré-candidata à Presidência, Pedro Joaquín Chamorro, ex-ministro, e Francisco Aguirre, ex-chanceler.

Segundo a subsecretária de Estado dos EUA, Emily Mendrala, o país está em contato com Madri para facilitar o pedido de nacionalidade. Os ex-prisioneiros poderão escolher a opção que preferirem.

Também aterrissou nos EUA nesta quinta Dora María Téllez, que em 1978 liderou junto com Eden Pastora e Hugo Torres a tomada do Palácio Nacional de Manágua. A ação levou à libertação de dezenas de detidos. Na época, Téllez e Ortega lutavam contra a mesma ditadura: a da família Somoza, que esteve no poder na Nicarágua por 44 anos.

Após o anúncio da libertação, Ortega, que tem capitaneado uma perseguição a líderes católicos, disse que o bispo Rolando Álvarez, detido por conspiração e divulgação de notícias falsas, não quis ir para os EUA. O regime o transferiu da prisão domiciliar para o centro La Modelo. "Álvarez não quis acatar o que a lei manda", disse o ditador.

Ele afirmou que enviou aos EUA uma lista de 228 presos, dos quais o país rejeitou quatro. Na hora do embarque, dois se negaram a ir. A Casa Branca alega que a decisão de enviar os ex-detidos foi unilateral de Manágua e que continuará pedindo a libertação dos dois prisioneiros que quiseram permanecer no país centro-americano.

Na quinta, o Departamento de Estado americano afirmou que o país facilitou o transporte dos presos e assegurou que os libertados "abandonaram a Nicarágua" voluntariamente para viver por dois anos nos EUA. A versão, porém, foi contestada pelos presos assim que eles deram suas primeiras entrevistas após aterrissar e disseram que foram retirados da prisão sem mais explicações e levados a um aeroporto.

"A libertação desses indivíduos", disse o secretário de Estado Antony Blinken, "marca um passo construtivo para se falar sobre abusos de direitos humanos e abre portas para aprofundar o diálogo".

O ex-candidato à Presidência Félix Maradiaga disse em uma de suas primeiras entrevistas que percebeu o que estava acontecendo quando estava na porta do avião. "Assinamos uma nota, muito sucinta, de uma linha, onde se lia que havíamos saído voluntariamente do país, sem qualquer outra explicação."

A União Europeia também aprovou a medida. "Ainda que a UE rechace a decisão de privar os prisioneiros da cidadania nicaraguense e de seus direitos políticos, sua libertação é um passo positivo e muito esperado que deve ser seguido por diálogo e mais ação", afirmou o bloco.

Sustentando sua retórica que chama de anti-imperialista, Ortega afirmou ainda na quinta que não negociou com os EUA em troca da libertação dos presos, embora o país sofra com sanções e a medida fosse uma das principais demandas da sociedade civil.

Ele afirmou que a ideia da deportação foi de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo. "Estão voltando a um país que os usou para semear o terror, a morte, a destruição. Agora que os golpistas saíram, respiramos mais em paz", afirmou Ortega.

"Eu já vinha falando que todas essas pessoas presas por atentar contra a soberania eram agentes de potências estrangeiras", afirmou. "Não estamos pedindo que tirem as sanções. É um assunto de honra, de dignidade, de patriotismo. Que levem seus mercenários."

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama LIAM-PAYNE Há 21 Horas

Quarto destruído e postagens: o que ocorreu antes da morte de Liam Payne

esporte França Há 19 Horas

Acusado de estupro, Mbappé assume relação sexual consentida na Suécia

fama Óbito Há 11 Horas

Revelados 'novos' detalhes sobre a 'causa' da morte de Liam Payne

fama Liam Payne Há 20 Horas

'Liam disse que iria morrer em breve', revela ex-noiva sobre Liam Payne

mundo Reino Unido Há 16 Horas

Descoberta rara: Homem viveu com três pênis sem nunca saber

justica Rio Grande do Sul Há 21 Horas

Mãe é presa após morte suspeita de gêmeas em intervalo de oito dias no RS

mundo França Há 12 Horas

Corpo de jovem que estava desaparecida há um ano é encontrado na França

fama Harry e Meghan Markle Há 21 Horas

Príncipe Harry e Meghan Markle compram casa em Portugal

mundo Austrália Há 20 Horas

Bolas pretas surgem em praias de Sydney e intrigam moradores e turistas

fama Demi Lovato Há 19 Horas

Demi Lovato lamenta a morte do ex-namorado, lutador Guilherme 'Bomba'