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Ele alertou para o risco de um êxodo de proporções bíblicas devido à subida do nível do mar provocada pelo aquecimento global, e apelou ao "preenchimento das lacunas" do direito internacional, especialmente para os refugiados.
"As comunidades baixas e países inteiros poderiam desaparecer, o mundo testemunharia um êxodo em massa de populações inteiras em escala bíblica e a competição por água doce, terra e outros recursos se tornaria cada vez mais acirrada", afirmou ele.
O perigo é particularmente grave para quase 900 milhões de pessoas que vivem em áreas costeiras baixas - uma em cada 10 habitantes da Terra. "Cada fração de grau conta, pois o aumento do nível do mar pode dobrar se as temperaturas subirem 2°C (3,6°F) e aumentar exponencialmente com novos aumentos de temperatura", disse ainda.
O secretário-geral fez o alerta na terça-feira, 14, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o aumento do nível do mar e disse que o órgão tem papel fundamental na angariação de apoio para medidas contra a mudança climática.
"Em qualquer cenário, países como Bangladesh, China, Índia e Holanda estão em perigo, e haverá impactos severos nas principais cidades de todos os continentes, como Cairo, Lagos, Maputo, Bangkok, Daca, Jacarta, Mumbai, Xangai, Copenhague, Londres, Los Angeles, Nova York, Buenos Aires e Santiago", disse.
Ainda de acordo com o secretário-geral da ONU, alguns Estados insulares pequenos e pouco povoados correm o risco de desaparecer completamente. Mas o impacto da elevação do nível do mar, causada pelo derretimento das geleiras, a expansão dos oceanos devido às temperaturas mais altas e agora principalmente pelo derretimento das calotas polares, vai muito além.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou na esta terça-feira números, citados por Guterres, segundo os quais o nível médio global do mar subirá entre 2 e 3 metros (entre 6,5 e 9,8 pés) nos próximos 2 mil anos, se o aquecimento for limitado a 1,5°C.
Com um aumento de 2°C, os mares podem subir até 6 metros (19,7 pés), e com um aumento de 5°C, podem ter elevação de até 22 metros (72 pés), de acordo com a OMM.
"Nosso mundo está ultrapassando rapidamente o limite de 1,5 grau de aquecimento necessário para um futuro habitável e, com as políticas atuais, caminha para 2,8 graus, uma sentença de morte para os humanos de países mais vulneráveis. As consequências serão impensáveis", disse Guterres.
Países mais ricos
O secretário-geral da ONU tentou chamar a atenção do mundo para o perigo representado pelas mudanças climáticas, para encorajar uma tomada de ação. Em outubro, ele alertou que o mundo está em "uma luta de vida ou morte" pela sobrevivência, enquanto "o caos climático galopa" - e acusou os 20 países mais ricos do mundo por não fazerem o suficiente para evitar o superaquecimento global.
Em novembro, ele afirmou ainda que o planeta estava caminhando para um "caos climático" irreversível e instou os governantes mundiais a colocarem o mundo de volta nos trilhos para reduzir as emissões, cumprir as promessas de financiamento climático e ajudar países em desenvolvimento para acelerar sua transição para energia renovável.
O histórico acordo de Paris para combater as mudanças climáticas exige que as temperaturas globais aumentem no máximo 2°C até o fim do século em comparação com os tempos pré-industriais e cheguem o mais próximo possível de 1,5°C.
Por exemplo, em 2021 a Rússia havia vetado uma resolução que estabelecia um vínculo genérico entre aquecimento global e segurança no mundo, resolução apoiada pela maioria dos membros daquele conselho.
Guterres disse que o mundo deve abordar a crise climática como a causa raiz do aumento do nível do mar e que o Conselho de Segurança tem um papel fundamental na criação da vontade política necessária. (Com agências internacionais).
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