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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Embaixada da Arábia Saudita em Brasília foi oficiada com um pedido de esclarecimentos sobre o conjunto milionário de joias trazido ao Brasil pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). O documento é de autoria da deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP).
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A tentativa da gestão Bolsonaro de entrar ilegalmente no país com os itens, ocorrida em outubro de 2021, está na mira de órgãos de investigação. Na sexta-feira (3), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que os artigos, avaliados em R$ 16,5 milhões, foram retidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos.
No ofício enviado à embaixada, Luciene Cavalcante questiona se as joias foram ofertadas pela Arábia Saudita ao ex-presidente e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou se eram um presente destinado ao governo brasileiro.
"Caso tenham sido um presente pessoal para a ex-primeira dama, esta incorreu na tentativa do crime de descaminho ao não declarar os bens quando da entrada no país para furtar-se do pagamento de tributos, além de advocacia administrativa e tráfico de influência", afirma a parlamentar em ofício.
"Caso tenha sido um presente para o governo brasileiro, estes incorreram no crime de peculato quando da apropriação de bem público", diz ainda, destacando à representação diplomática que a elucidação do caso é de suma importância para a sociedade brasileira e para as investigações em curso.
A deputada do PSOL ainda enviou um requerimento à Controladoria-Geral da União (CGU). Ela pede que sejam tornadas públicas as agendas oficiais do Jair Bolsonaro no país árabe e o conteúdo das reuniões que resultaram na entrega das joias.
Em outubro de 2021, um militar que assessorava o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) tentou desembarcar no Brasil com uma série de artigos de luxo na mochila. Como os bens não haviam sido declarados, eles foram apreendidos pela Receita Federal.
Ao se manifestar sobre o caso, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse não ter pedido nem recebido qualquer tipo de presente em joias do governo da Arábia Saudita. "Eu agora estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso", afirmou.
Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (7), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirma que, como "mulher traída", foi a "última a saber" que joias teriam sido enviadas a ela de presente.
Michelle não teria também a menor ideia de que os objetos preciosos tinham sido apreendidos pela Receita Federal há mais de um ano, e que o governo de Jair Bolsonaro se mobilizara para tentar reavê-los.
Nem mesmo seu marido, Jair Bolsonaro, teria passado informações a ela depois de tomar conhecimento do episódio. O desabafo de Michelle foi feito a interlocutores depois que o caso virou escândalo, na semana passada.
Segundo o ex-ministro Bento Albuquerque disse à Folha de S.Paulo, as joias eram presentes do governo da Arábia Saudita a Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e que iriam compor o acervo histórico da Presidência.
O ex-titular de Minas e Energia afirmou ser praxe a troca de presentes em eventos internacionais envolvendo dois países. Como o ex-mandatário e esposa não compareceram, a comitiva trouxe as caixas dadas como presente pelo governo saudita.